terça-feira, 15 de agosto de 2023

QUANDO É QUE VAMOS ONDE?

Quando eu tinha 8 anos, queria andar de bicicleta. O meu irmão tentou ensinar-me, mas eu não conseguia. Depressa desistiu de mim.

Até que um dia foi o meu pai que decidiu ensinar-me. Para minha desgraça. Ainda me lembrava das suas lições da tabuada, das contas de multiplicar, sempre acompanhadas de estalos e gritos. E aquele "olho à belenenses" por causa daquele erro ortográfico? Eu tremia por dentro e por fora.

Corria ao meu lado segurando a bicicleta pelo selim, num parque de estacionamento cheio de crianças e adolescentes do bairro. Mal ele me largava, eu perdia o equilíbrio e estatelava-me no chão para delícia dos espectadores que explodiam em gargalhadas tão sonoras que mais de 40 anos depois, ainda as ouço.


Uma, duas, três vezes. Sempre a mesma coisa e quanto mais ele me insultava mais eu falhava.

À quarta vez, no momento de me largar, deu um empurrão muito forte que só poderia ter um resultado. Caí com força. Muita força. Ainda hoje tenho a ferida. Ao levantar-me, no meio dos risos e da chacota geral, olhei para trás e o meu pai já ia longe vociferando, só lhe via as costas.

Nem eu, nem ele sabíamos,
que foi naquele momentos que tínhamos morrido.

quarta-feira, 10 de novembro de 2021

NÃO PENSES MAIS NISSO...

Há histórias que parecem perfeitas. Outro álbum histórico que faz 30 anos - foda-se estou a ficar velho!!! - é o excelente  "Nevermind" dos Nirvana com a sua engraçada e inteligente capa que nos bons anos 90 e antes da Era do Absurdo, não chocou ninguém com um QI acima de um mosquito. 

A capa não poderia ter sido mais premonitória do futuro, não poderia ter sido mais crua e verdadeira para com a natureza humana e a sua sociedade de consumo capitalista e neoliberal. 

Em Agosto deste ano, o menino da capa ( de seu nome Spencer Elden ) que tenta agarrar a nota de Dólar presa por um anzol, entrou com um processo contra os membros da banda, esposa e herdeiros de Kurt Cobain, com uma acusação de exploração sexual e pornografia infantil, fazendo dele um "trabalhador do sexo infantil". 

Claro que tudo ficará bem na cabeça deste corajoso "sobrevivente" se houver lá no fim, uma indemnização milionária. Se o Kurt soubesse desta história em 1991, teria dado uma valentes gargalhadas às custas disso.

Num mundo onde toda a gente quer "a bigger piece of the pie" só resta mesmo aos poucos sábios e sábias que restam neste mundo, fazerem como Diógenes de Sinope e andarem nas ruas em pleno dia com uma candeia acesa à procura de homens honestos.

Estou a ficar velho mas tento manter o meu "teen spirit" e por isso, vou agora ouvir o álbum todo assim de enfiada e depois vou...nevermind...

terça-feira, 26 de outubro de 2021

AND THE WINNER IS...

 Não tarda nada que para além de dinheiro, ajuda humanitária e empréstimos a juros "zero" ainda vão dar ao governo Talibã o prémio Nobel da Paz. Afinal, eles acabaram com uma guerra de 20 anos.

Se isso acontecer, a Malala Yousafzai vai ficar a saber que há coisas ainda mais vergonhosas e dolorosas que uma mulher levar um tiro na cara por teimar em querer aprender a ler e a escrever no Afeganistão.

quarta-feira, 20 de outubro de 2021

SAD...BUT TRUE!

Estou a ficar mesmo velho. É um facto, não só biológico como cultural.

A realidade dos dias não ajuda! Há uns dia atrás, abro a Revista do semanário "Expresso" e vejo uma reportagem que literalmente me atropelou : Metallica festeja os 30 anos do lançamento do "Black Álbum". Trinta anos. três décadas. Para alguns putos com quem eu trabalho, é mais do que a sua inteira vida biológica. Isto faz um homem pensar; pensar no que mudou, no que se perdeu e no que se ganhou, até porque parece-me que foi ainda ontem que eles lançaram o "álbum preto".

Qual Madeleine de Proust ( o gajo um dia morde um bolinho- uma madalena- e o seu sabor, leva Marcel Proust a uma incrível viagem de memórias pelo seu passado, infância, adolescência, etc, que o leva a escrever doze incríveis volumes "Em busca do tempo perdido".Esta reportagem levou-me tembém numa viagem ao passado, aos anos 90, e às tardes do verão de 93/94 que eu passei em casa do meu amigo Sérgio " Xico Metaleiro", que tinha, se a madalena não me engana, os LP's - vinil claro - "Ride The Lightning" "...And Justice For All" e o magnífico "Master Of Puppets". Lembro-me também de, no quarto dele estar a ouvir e  a admirar a incrível capa do álbum "Ride The Lightning"  e de reparar no ano de edição - 1984- e pensar para mim, que eles tinham a minha idade na altura que fizeram o álbum ( 18/20 anos). 

Escrevo isto porque o " Black Álbum" é o álbum que os chamados "puristas" - uma espécie de "talibãs do heavy metal" adoram odiar. São aqueles fãs, esses energúmenos, que dizem que a banda haveria de ter acabado ali, que "traíram o movimento", apenas porque, com esse álbum, eles alcançaram a fama planetária ( o que traz, claro, muitos seguidores duvidosos, falo daqueles que apenas vão na onda da moda e daquilo "que está a dar). O que os chamados "puristas" do "Trash Metal" esquecem, é que muitos deles ( a maior parte, incluindo eu ) ainda andavam na Rua Sésamo enquanto eles (os Metallica ) viviam, comiam, dormiam em autocarros velhos, de cidade em cidade e de país em país, a darem concertos atrás de concertos, muitas das vezes mal pagos e muitas das vezes roubados. Culparem os Metallica por envelhecerem é para mim, no mínimo, desprezível. Ouvi há tempos um desses merdosos "youtubers" coma a sua barba e convenientes tatuagens, dizerem que os Metallica deviam ter acabado depois do "St. Anger". E dei comigo a pensar, que  quem lhes dera a eles, que quando tiveram 60 e mais anos, eles ainda sintam uma "Santa Raiva". Existe uma grande distância entre abrir um canal de youtube com um email  e criar uma verdadeira obra que inspirou e deu alegrias a milhões de humanos pelo mundo fora durante décadas.

Claro que tudo isto é culpa dos culpados do costume: a mediocridade dos média, tanto aqui (Switzerland) como em Portugal e no resto do mundo inteiro, as rádios passam Metallica: mas sempre, sempre e sempre, um só tema: " Nothing Else Mathers". É muito triste, pensando na vasta obra criada.  A banda teve uma dúvida que passou a ser um presságio assustador do futuro, quando a apresentou pela primeira em público «pensamos que o pessoal iria começar a vomitar». Mas serão eles culpados da mediocridade e pobreza dos 99% ( ou mais ) da população mundial, que não quer ouvir na rádio de manhã e a caminho do trabalho, o tema "Master of Puppets"

NÃO ENTENDO DJ'S

Um dia, no parque aqui ao pé de minha casa, junto ao lago de Neuchâtel, encontrei um grupo de jovens da universidade, que fica aqui ao lado também, a fazerem um piquenique. Enquanto comiam e conversavam, ouviam aquilo que eu chamo - e já por si só é um sinal de velhice - "as músicas deles", ou seja, "tecno" e nem sei se é "tecno" (outro sinal provável de velhice). Chamou-lhes à atenção a minha t-shirt dos Sepultura "Irise"  e começamos a conversar, e eu pedi-lhes que me deixassem ouvir um pouco das "músicas lá deles", para até em conversas futuras ter uma referência ou duas. Mal coloquei os phones nos ouvidos que passados 20 segundos eu já estava a dizer-lhes algo que me soou familiar « Isto não é músicaaaa» assim como dei por mim a dar-lhes sermões « No meu tempo » E isto é de facto um sinal de velhice « No meu tempo cada música tinha um solo furioso de guitarra de 2 minutos, as músicas eram sobre adorar um demónio qualquer, e cada álbum tinha uma balada e pronto!». Não podiam ter sido mais educados, e riram, riram comigo e acho que até entenderam...ou não? Mais tarde deflecti e lembrei-me que era exatamente isso que os mais velhos me diziam quando eu tinha a idade deles. Lembro-me de minha mãe falar das verdadeiras virtudes da obra de António Calvário e da música "Oração" e da vasta obra de Frei Hermano da Câmara e dizer-me que o que eu ouvia «Isto não é músicaaaa!». Envelhecer coloca-nos em posições difíceis. Por outro lado, quando eles ( os jovens ) ouvem "a minha música", eles gostam, porque tem letras e uma mensagem. Eles ouvem "System of a Down" ou "Rage Against the Machine", ou o álbum "Roots" dos Sepultura e gostam e apreciam a mensagem, e eu por outro lado não gosto de gajos que apertam um botão do laptop descarregando uma playlist e passam as duas horas seguintes  a abanar o braço coma a mão no ar. Por isto, EU É QUE TENHO A RAZÃO. Isto sim é o último e derradeiro sinal de velhice, mas quero que se foda! há há há...!

A ÚNICA COISA BOA DE ENVELHECER:

É estar-se a cagar. Faço o que quero quando quero sempre que quero, digo o que quero a quem quero como eu quero sempre que quero e as vezes que quero. Porque já não acredito em nada. Perder o filtro e não ter misericórdia por ninguém é um sintoma de envelhecimento e ainda bem.

Todos nós envelhecemos e morremos... e eu estou grato por ter vivido o último do movimentos artísticos  da música de confrontação e contestação social, cultural, racial e religioso. Depois do  do Blues, o Jazz, depois do Jazz, o Rock n' Roll com os Hippies, depois os  Punk's e depois o Heavy metal e depois.... um inverno glaciar de ideias.  sad, but true assim com envelhecer.

Metal rules! e parabéns aos Metallica.

quarta-feira, 22 de setembro de 2021

EM CASA DE INFORMÁTICO, LEGO DE PLÁSTICO

Existe agora toda uma escola de pensamento sobre o assunto. Colégios especiais para os filhos dos ultraricos da Silicon Valley, dos gurus da informática, que não querem que os filhos tenham acesso a jogos de computador, internet, redes sociais. Preferem que os seus herdeiros sejam educados em escolas que mais se parecem com as que eu frequentei nos anos 80 e 90 do século passado! Sim, querem que os filhos brinquem, falem uns com os outros e façam uma algazarra infernal na cantina.

PABLO ESCOBAR TAMBÉM NÃO QUERIA QUE OS SEUS FILHOS ANDASSEM METIDOS NA DROGA.

Eles são os donos do "secret sauce", eles sabem que têm um verdadeiro exército de gente especializada em ciências comportamentais, cientistas e especialistas cujo único objetivo é criar produtos para manter o consumidor o mais horas possíveis agarrado ao tablet ou smartphone, jogando, esfregando o ecrã sem fim. VICIADO. Eles sabem disso, afinal, foi assim que criaram as suas absurdas e fabulosas fortunas.

Já classificada como uma adição e doença pela OMS, o vício dos jogos online, redes sociais etc é um dilema já da eterna luta de classes: Os pobres ( têm dúvida que são pobres? Pobre já não significa passar fome ) querem ficar em paz a esfregar o ecrã em busca da vida dos outros, em eternas batalhas de comentários entre tribos de pensamento, jogos e mais jogos, apostas e mais apostas, receitas vegans, vídeos ridículos "virais" que soltam gargalhadas globais que muitas vezes me fazem lembrar os "apanhados" sul-africanos dos anos 80-90 onde imperava o humor racista e xenófobo. Enquanto isso, os filhos deixam-nos em paz porque estão entretidos com o mesmo.

Os ricos apresentam às amas ( muito bem pagas ) contratos que estipulam que elas devem certificar-se que os seus queridos rebentos devem brincar com LEGOS e não com tablets.

A China tomou no mês passado a decisão que se impunha: Proibiu os menores de 18 anos a jogar online... apenas uma horazinha aos fins de semana. Tudo a pedido de pais desesperados que não conseguem a atenção dos filhos, a obediência, a comunicação e nem sequer, claro, o cumprimentos das suas obrigação escolares. E por mais que a propaganda ocidental e furiosamente anticomunista tenha vindo a público "rasgar as vestes" contra este "abuso de poder" e "violação de liberdades", a verdade, é que ela não é em nada diferente da decisão dos papás ultraricos do ocidente, que como sabemos é o campeão mundial e universal da liberdade e dos direitos humanos (cinismo meu, em nível DEFCON 1).

Deixei para lá! Eu não estou a dar lições nenhumas de nada. Eu sou um alcoólico ex-viciado em heroína, diabético (muito),  também sonhador, também apaixonado por um Amor perdido de perdição,
que procura mais do que encontra, que chora muito mais do que ri, que busca luzes na noite e forças na fraqueza, que tem mais esqueletos no "armário" que o Dennis Nielson, e que prefere que chova a que faça sol, porque acho que o clima "mau" nivela as coisas, entre quem parece feliz e quem tem a certeza que não é. Apenas quero dizer que estamos a ser enganados por um quartel de drogas, que possui uma força e um poder nunca antes visto. Escondidos atrás da legalidade, dão ópio pseudográtis ao povo. Escravizado e viciado. 

E a Democracia? Agoniza, ferida por partidos "made in facebook" onde REINA O ABSURDO.

quarta-feira, 30 de junho de 2021

THE PRISON SONG

Não, não vou falar da excelente música dos System Of a Down (ou se calhar, vou) mas com estas sentenças , estas detenções e julgamentos polémicos que ultimamente inundam os noticiários, tenho andado a lembrar-me dela (da música), e tenho dado comigo a refletir profundamente em crime, castigo e justiça e também ajuda muito ter lido tanto o Dostoevsky.

Estou profundamente convencido que todos os crimes são uma resposta directa ou o sintoma de alguma qualquer doença da sociedade. Todos eles, mesmo aqueles crimes que são cometidos por alguém com problemas psiquiátricos graves, normalmente encontramos na raiz desses problemas, infâncias, adolescências cheias de abusos físicos, verbais, sexuais ou todos ao mesmo tempo acompanhadas por dramáticas experiências. Sempre causadas por uma qualquer disfunção da família, comunidade ou sociedade.

 Sentença dada, castigo dado, e toda a gente se afasta volta à sua vida, limpando os lábios de sangue, saciada ou não a sede de justiça. Prisão. Em alguns casos morte depois da prisão. 

As causas "da doença" não parecem ser importantes. Se pensarmos bem, somos todos candidatos a um dia acabarmos numa prisão, porque mesmo que milagrosamente consigamos "fintar" essas doenças da sociedade, por vezes somos contagiados pelos portadores dessa doença. Posso dar um exemplo: um conhecido meu, foi há uns anos atrás fiscal da extinta Direção Geral da Economia. No tempo que trabalhei junto dele (menos de uma ano) ele foi umas quatro ou cinco vezes ao tribunal de Aveiro no âmbito do caso "face oculta". Ele não era corrupto, mas o companheiro fiscal que andava com ele todos os dias recebia grandes quantias de dinheiro do sucateiro. Não faltou muito para ser um dos arguidos e acabar na prisão.

O que leva alguém a querer tanto dinheiro? O que leva um ex-primeiro ministro a fantasiar com luxos? Qualquer um adoraria viver numa casa no 16em arrondissement de Paris e estudar na Sorbonne? Ou o que leva alguém que já é rico, pegar em dinheiro num banco público, que um dia terá de ser reposto por gente pobre, para poder controlar uma banco privado e ser ainda mais rico? Assim como as pessoas que estavam à frente desse banco público e fizeram vista grossa às garantias de pagamento dessa dívida, apenas para poderem mais tarde se sentarem nos conselhos de administração do outro banco, com ordenados simplesmente absurdos?

Não será porque vivemos numa sociedade consumista, que valoriza mais a ostentação que as virtudes? Isso é uma doença grave da sociedade.

Quando um homem mata alguém só porque não gosta da raça da vítima, não será uma doença da sociedade? Tão frequentemente passada de geração em geração por família, amigos.

Quando um homem mata uma mulher por ciúmes, ou porque sente que pode e deve, que tem de ser ele o macho alfa da relação, aquele pode e deve trair, mas não pode ser traído, não será uma doença da nossa sociedade? Aquela que nos dada desde pequenos, e que nos diz é o homem "é o chefe de família", aquele que veste as calças, aquele que não faz as compras da mercearia mas que toma as grandes decisões? Não admite que a mulher trabalhe (era o que faltava ela não precisar de pedir dinheiro). Alguns deste exemplos estão talvez um pouco gastos, mas ainda estão bem presentes.

Eu cá pensei em todos os crimes possíveis e encontrei sempre uma doença de todos. E sinceramente não entendo como é que a prisão resolve. Colocar os doentes em quarentenas de meses, anos ou décadas, nada ou quase nada faz para curar essas doenças. Os EUA, o maior presídio do mundo, são um claro exemplo disso.

Isto já vai longo e uma outra doença da sociedade é aquela que não gosta de ler textos longos. Fiquem lá com a músicazinha que eu tenho andado a cantar. AI BAI MAI CRAKE MAI SMAKE MAI BITECHE RAITE IR IN OLIOUDEEEEE!!!!

They're trying to build a prison
They're trying to build a prison
Following the rights movements you clamped on with your iron fists
Drugs became conveniently available for all the kids
Following the rights movements you clamped on with your iron fists
Drugs became conveniently available for all the kids
I buy my crack, my smack, my bitch
Right here in Hollywood
Nearly 2 million Americans are incarcerated
In the prison system, prison system of the U.S.
They're trying to build a prison
They're trying to build a prison
They're trying to build a prison (for you and me to live in)
Another prison system
Another prison system
Another prison system (for you and me)
Minor drug offenders fill your prisons
You don't even flinch
All our taxes paying for your wars
Against the new non-rich
Minor drug offenders fill your prisons
You don't even flinch
All our taxes paying for your wars
Against the new non-rich
I buy my crack, my smack, my bitch
Right here in Hollywood
The percentage of Americans in the prison system (prison system)
Has doubled since 1985
They're trying to build a prison
They're trying to build a prison
They're trying to build a prison (for you and me to live in)
Another prison system
Another prison system
Another prison system (for you and me)
For you and I, for you and I, for you and I
They're trying to build a prison
They're trying to build a prison
They're trying to build a prison
For you and me
Oh baby, you and me
All research and successful drug policies show
That treatment should be increased
And law enforcement decreased
While abolishing mandatory minimum sentences
All research and successful drug policies show
That treatment should be increased
And law enforcement decreased
While abolishing mandatory minimum sentences
Utilizing drugs to pay for secret wars around the world
Drugs are now your global policy
Now you police the globe
I buy my crack, my smack, my bitch
Right here in Hollywood
Drug money is used to rig elections
And train brutal corporate-sponsored dictators around the world
They're trying to build a prison
They're trying to build a prison
They're trying to build a prison (for you and me to live in)
Another prison system
Another prison system
Another prison system (for you and me)
For you and I, for you and I, for you and I
They're trying to build a prison
They're trying to build a prison
They're trying to build a prison
For you and me
Oh baby, you and me

quarta-feira, 16 de junho de 2021

PSICOLOGIA DE UM VENCIDO

 Eu, filho do carbono e do amoníaco,

Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigénese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.

Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.


Já o verme — este operário das ruínas —
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,

Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há-de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!

Augusto dos Anjos

quarta-feira, 9 de junho de 2021

O RUÍDO DE MINAS GERAIS

 O CONFLITO ISRAELO-PALESTINIANO EXPLICADO:


WAR FOR TERRITORY

Unknown man
Speaks to the world
Sucking your trust
A trap in every word
War for territory
War for territory
Choice control
Behind propaganda
Poor information
To manage your anger
War for territory
War for territory
Dictators' speech
Blasting off your life
Rule to kill the urge
Dumb assholes' speech
Years of fighting
Teaching my son
To believe in that man
Racist human being
Racist ground will live
Shame and regret
Of the pride
You've once possessed
War for territory
War for territory

quarta-feira, 5 de maio de 2021

THE PERSUIT OF UNHAPPINESS

É mais uma história que não interessou a ninguém. 

No meio do mete-máscara-tira-máscara, lava as mãos e lava outra vez, teletrabalho, teleconferência, teleucaristia, telescola, teleginásio, teleconsulta, telesexo, teletexto, telemarketing, telepolícia, telefone, telemovel, teletransporte, telepizza, telecomando, telecomandado, telerunião, televisão, telefesta, telefuneral, telejulgamento, teleculinária, telecomunicação, telepolítica, telegrama, teleoração, telecomunicação, telefonia, teleparto, telecirurgia, teleterapia, teleconfissão e teleabsolvição, televisita, telefisioterapia, telerestaurante, teleindignação, teleturismo, teleparlamento, teledemocracia, teleguias e teleguiados, telecomício, televoto, teledebate, teledesporto, telebrinde, teleleitura, telescrita, televiolência, telemasturbação, teleamizade, telecompras, telebar, teleaniversário, telemanifestação, telebanco, telecorreio, telenoivado, telenamoro, telecasamento e teledivórcio, telecomunhão, telecultura, teleagricutura, telejardinagem, telefestim, telegrafia, telexposição, telecondução, teleprisão, telesuicídio...é compreensível.

É só a história de um grupo de pobres do Magrebe que deram à costa algarvia e foram presos. Vinham de Marrocos, que nós só conhecemos dos resorts de luxo, belas praias e taxas de câmbio vantajosas. Vinham de Marrocos, que é uma monarquia e uma ditadura, mas que os nossos democráticos governantes, verdadeiros estandartes da democracia e da liberdade, beijam, abraçam e estimam numa sincera amizade diplomática, democrática e fraternal. Que havemos de dizer? Há negócios pelo meio, contratos assinados....há dinheiro fácil.

Vinham de Marrocos e foram presos. Pediram asilo humanitário mas foi-lhes negado. Porquê? Porque não se provou que eles eram perseguidos politicamente no seu país nem fugiram de uma guerra. 

Estranhos homens e mulheres que proferem uma sentença assim. Porque a verdade, é que são perseguidos, sim: Perseguidos pela fome, pela pobreza, pela miséria da precariedade. Vivem numa guerra desde o dia em que nasceram. Uma guerra sem fim à vista. E decidem fugir. Arriscando as suas parcas economias e a vida, tentam descobrir um cantinho da rica Europa onde possam trabalhar, viver em paz, ganhar algum dinheiro e melhorar a sua condição de Homens e Mulheres e talvez também das suas famílias que ficaram lá na guerra.

Ficaram num pequeno campo de concentração. quarto-cantina-cantina-quarto sob o olhar de guardas e seguranças. Dias fizeram semanas. Semanas fizeram meses. Quando saiu a ordem de deportação, já no micro-campo de concentração do aeroporto ( por vezes sala de tortura e morte ) do SEF, dizem-lhes que vão ficar mais 30 dias reclusos ( coisas pandémicas ). E eles fizeram o que estava certo : revoltaram-se. Partiram coisas e deram prejuízo ao Estado, ao povo português, que como se sabe não perdoa danos nem desperdícios de dinheiro nem aos seus pobres quanto mais a pobres estrangeiros!

Alguns foram condenados a mais de 1 ano de prisão.

Moral da história? 

Sei lá...quem é que vai pensar nisto? Eu disse no início que isto era uma história em que toda a gente cagou.

Será que vamos salvar o verão? Olha o nosso turismo e a nossa restauração que precisa tanto dos ricos estrangeiros, que dos pobres, esses, bem que se podem ir foder.

quarta-feira, 14 de abril de 2021

AND JUSTICE FOR ALL....

Não. Não vou falar do excelente album dos Metallica. Vou falar de justiça. Justiça para todos. Martin Luther King não poderia tê-lo dito melhor : "injustice anywhere is a threat to justice everywhere". E outro homem ( já não sei quem ) disse que quando uma sociedade começa a distorcer o significado das palavras, é quando essa mesma sociedade começa a legalizar as atrocidades.

A "justiça" esta semana, decidiu que não vai acusar os três inspectores do SEF de homicídio, mas sim de ofensa à integridade física agravada. Ofensa à integridade física agravada até à morte, para mim, é homicídio. Mas não para os juízes, essas aberrações a quem dão o poder, tratamento, deferência, salário e privilégios digno de deuses.

Ihor Homeniuk bem que pode dar uma volta no túmulo que não vai obter justiça, nem sequer um pensamento de compaixão da sociedade. George Floyd ainda teve direito a uma "hashtag" e foi a t-shirt da semana, para uma sociedade que se move apenas por ondas algorítmicas. A julgar pelas notícias do julgamento, ele morreu por ter tomado drogas e o facto de ter um polícia a estrangulá-lo durante 9 minutos é apenas coincidência. Vamos lá ver como é que vai acabar.

George Floyd foi torturado durante 9 minutos, Ihor foi torturado durante 15 horas.

Dá-me vontade de cantar com raiva:

«Justice is lost, justice is raped, justice is gone / Pulling your strings, justice is done /  Seeking no truth, winning is all  / Find it so grim, so true, so real»

Afinal, acabei mesmo por falar nos Metallica.

sexta-feira, 9 de abril de 2021

THE VON DER LEYEN BLUES...

 OU DIA EM QUE A UE SE SENTOU NO SOFÁ QUE ELA MESMO FEZ.

A Tuquia pediu a adesão à UE em 1987 -tinha eu 11 anos, estou com 44- e desde então, a UE nega-lhe a entrada com desculpas esfarrapadas, para ocultar os seus preconceitos e histórico-histérico racismo islamófobo. O medo dos milhões de imigrantes islâmicos que iriam invadir a Europa qual novo Tariq Ibn Ziyad. 

O tempo foi passando e entretanto chegou o sr Erdogan à Turquia, que desde os tempos da sua fundação pelo corajoso Atatürk, era uma república democrática e secular com a separação do Estado com o poder judicial e onde a religião não riscava nada.

Agora, à boa moda mundial, as bestas estão de regresso on a big big style e de Portugal à Polónia, se os partidos fascistas não estão no poder já, estão a crescer e a Turquia não é exeção. Hoje, submissa a justiça ao poder do presidente e com a religião de novo no comando, a turquia é governada por um ditador à nova moda no nosso sex XXI.

Com mesma hipócrisia, agora, a Europa inteira rasga as vestes chocada com o tratamento sexista e misógino com que a presidente da comissão europeia Ursula Von der Leyen foi tratada pelo porco presidente turco Erdogan ( talvez um dia ayatollah Erdogan ).

Eu, que nestes anos todos vem assistido a esta triste história, vejo agora os hipócritas cantarem tristemente, como se estivessem nos campos de algodão da Virgínia do sul, o Von der Leyen blues....


quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Pequenas crónicas de um mundo que não vale a pena II

 TOTALITARISMOS

"Regimes totalitários". O termo surgiu na década de 30 para designar os Estados fascistas, comunistas e nacional-socialistas (nazi) que cresciam como cogumelos pela Europa e pelo resto do mundo.

Mas há algo que ninguém pode ignorar: Sem uma única exepção, desde a madrugada da história da humanidade aos dias de hoje, nunca houve um ditador, rei ou imperador "totalitário" sem a convicção profunda que agia "para o bem da nação"; Franco, Salazar, Stalin, Hitler, Mussolini, Pinochet etc, etc, etc. Todos rasgaram constituições, destruíram oposições, direitos humanos e muito mais porque pensavam que agiam para o bem de todos.

Com a mesma desculpa, hoje, se multam pessoas por andarem na rua sem um motivo especial. Se impoe o "recolher obrigatório", a proibição de reunião, cidades sitiadas pela polícia e exército. Com a mesma desculpa se suspendem os direitos constitucionais e se governa por "dictat".

E os cidadãos aceitam que este Grande Irmão, faz o que faz para nos proteger, para o nosso bem.

sexta-feira, 18 de setembro de 2020

Pequenas crónicas de um mundo que não vale a pena 1

 Ao menos nos EUA matam um negro em seis minutos por causa de um cheque sem "cobertura" ( antes, enforcavam-nos por roubar uma melancia em menos tempo ainda ). Em Portugal torturou-se um ucrâniano durante 15 horas...Por ser ucrâniano. Bateram-lhe tanto que a principal testemunha ouviu um dos agentes do SEF dizer "esta semana nem preciso ir ao ginásio".

Mas George Floyd teve direito a uma hashtag. Já o Igor não. Na era do absurdo em que vivemos, se não houver hashtag não há indignação. Apenas o silêncio das máscaras que caem enquanto são postas ao mesmo tempo que se lava compulsivamente as mãos com gel hidroalcoólico qual Pôncio Pilatos germofóbico que faz justiça por "gostos"...tudo monotorizado por um bando de anormais em S. Francisco, confortavelmente sentados em puffs, nos seus openspaces e agarrados aos seus laptops Apple (feitos por uma adolescente chinêsa que se atirou do 3º andar do dormitório da fábrica), enquanto comem uma fruta pretenciosa tipo, physalis.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

THIS IS RAVENS TOWN


Eu vivo numa parte de Neuchâtel (Suíça) que se chama "Le Nid-du-Crô" - o ninho do corvo em franciú- porque há muitos corvos. Os corvos são animais interessantes. Soturnos, solitários. Por isso é que fazem sempre papel de maus e/ou colaboradores de personagens malévolas como a bruxa da branca de neve da Disney de 1937.



Mas os corvos que eu conheço no mundo real não são assim. Não têm a voz de artístas e só sabem fazer barulho e cagar.
O maior perigo voador em Neuchâtel são mesmo as gaivotas e os corvos. Isso sim, produz uma cagada corrosiva e potente. Deve ser porque os corvos comem de tudo como ratos, insectos e assim.

Aqui o corvo é rei. A especialidade do corvo é cagar nos parapeitos das minhas janelas da varanda. Mas também cagam em cima do meu carro.
Esta semana, armado em dono de casa, lá fui pôr a roupita lavada a estender na corda. É uma das coisas que mais aprecio nesta minha faceta de dono de casa.
Na verdade eu não sou propriamente " o dono" da minha casa. Digamos que a tenho em sociedade com a agência imobiliária, mais ou menos na proporção de 1 para 99 (os 99 são deles).

Claro que os amigos corvos tinham que fazer a sua bela cagada verde e branca em cima das minhas t-shirts dos Sex pistols e dos Metallica ( e logo a minha preferida, do album Masters of Puppets) que estavam a secar. Nesse mesmo dia estacionei o carro debaixo de uma grande árvore. Nunca deixar o carro debaixo de árvores ou postes de iluminação. Parece que são os sítio preferidos dos corvos para cagar.

Eu só me pergunto é como é que os meus vizinhos conseguem ter a brilhante ideia de alimentar os corvos. Qual será a razão demente que os faz alimentar aquelas criaturas do demo?! Eu ainda pensei que fosse veneno. Mas não. É mesmo comida.

Mas será que os corvos não cagam a roupa e os carros desses vizinhos?
Eu Imagino que haja uma espécie de máfia dos corvos. Protecção de bairro.
Chega um capanga corvo e ameaça "Se quiseres protecção para o teu carro, tens que pagar". "Protecção? Eu não preciso de protecção. Mas protecção para quê?" replica o vizinho inocentemente. "Sabes meu, é que Shit happens". E nisto um corvo cumplice desata a cagar em cima da roupa e do carro perante o olhar aterrado do vizinho.
E o pobre vizinho não tem outra hipótese senão alimentar os malvados corvos mafiosos. 
Só pode ser isso.

Eu vi isto acontecer nos "The Sopranos", "Goodfellas", "Casino", "The Godfather" e noutras séries na TV. Não era com corvos, mas era com mafias italianas e coisas assim do género. Mas é muito mais provável que isto aconteça com corvos do que com italianos. É que a merda do corvo é muito mais potente que o merda de um italiano que só come coisas boas como lasanha e calzones.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

MR. RIGHT


Ter colegas estrangeiros tem destas coisas. Passei por um grupo em alegre conversa da qual apanhei as palavras "very nice bitch", provavelmente aquilo que na Suiça alemã é considerado um elogio.



Poderiam até alegar que ele teria dito "very nice beach", mas cada um ouve o que quer, e a minha versão é bem mais interessante.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

O MEU PRESENTE DE NATAL PARA VOCÊS

Pela exelente mão de Theodore John Kaczynski "Ted" para os amigos como eu.

Já sei que ninguém vai lê-lo, até tenho dúvidas que alguém vá ver este "post" mas acho que ainda vale a pena partilhar...

sigam o "link":
A SOCIEDADE INDUSTRIAL E O SEU FUTURO

Feliz festival de inverno...

segunda-feira, 26 de agosto de 2019

EM BOA VERDADE VOS DIGO

Não suporto os filhos que imitam os pais que eles odeiam.
São os piores seres humanos que existem e não são precisos muitos para fazer o mundo chorar. Um basta.

terça-feira, 2 de abril de 2019

HERKUNFTDETEKTIVE

É a história de uma menina chamada Melissa, 5 anos, participante de um desses programas da moda chamado "Das Supertalent" do canal alemão RTL.
A menina prepara-se para cantar, mas antes, o apresentador Dieter Bohlen pergunta o nome e a idade da menina e depois faz a pergunta fatal : "de onde és?" Ao que a menina responde inocentemente " de Herne". Insatisfeito o inquisidor insiste " Mas papa ou mamã são da Filipinas ou..." e a menina responde "não, eles também são de Herne" (risos). Continua a investigação "Mas de que país és originária?" e Melissa responde desolada "não sei..." Em último recurso o já assumido "detective de origens" interpela os pais de Melissa e consegue o que queria : são da Tailândia.
Ainda Melissa mal começou a sua vida e já percebeu que nunca será uma alemã, porque haverá sempre quem a coloque no seu lugar de imigrante, apesar de ter nascido e crescido na Alemanha.
Graças aos "detectives de origens" que estão por todo o lado no Mundo o seu futuro nunca será igual aos dos outros alemães "puros".
Vi isto e fez-me pensar. Mais gente deveria fazer uma reflexão profunda sobre este pequeno episódio.
Há tanto para dizer...

segunda-feira, 1 de abril de 2019

PAPA DON'T PREACH

Ao jornal "Público" Basílio Horta diz coisas interessantes ( por cima de uma foto patética dele em cima de um cavalo de pau). Basílio Horta diz que não fazia ideia de quem era Madonna (uma óbvia mentira) e que "no seu tempo da juventude do CDS" ele ouvia "cantigas de João Paulo II, Frei Hermano da Câmara" e "abanava o capacete com o terço da Rádio Renascença".
-Agora entendem porque é que este pequeno, pobre e miserável homem não deixou a Madonna entrar num palácio com um cavalo? Coisa completamente inofensiva para o património, normal do ponte de vista "cinematográfico" ?
Madonna tem vivido, feito, dito e cantado coisas que nunca agradaram aos ratos fanáticos da igreja católica.
E o país é suficientemente medíocre para ter achado que ele estava certo. Para ter zombado da cantora.; a única artista globalmente conhecida que alguma vez mostrou genuíno interesse em viver num país que tem sempre lutado para sair do seu triste fado: Ser irrelevante, desconhecido e periférico. 
Talvez a falsa senhora de Fátima o faça um dia pelo país...se desta feita, em vez de se sentar em cima de um chaparro a deixarem entrar de cavalo.

quinta-feira, 21 de março de 2019

CARA-PÁLIDA

Todos os anos, invariavelmente, mal surgem os primeiros raiozinhos de sol acompanhados por uma temperatura mais amena, tenho de ter a mesma conversa. "Tens de ir à praia Sam, estás muito branco"
Não, não tenho. Porque:
1:na praia está calor do caraças e eu detesto calor.
2: na praia estão muitas pessoas e eu não gosto de pessoas (poucas ou muitas). 
3: Já investi demais nesta palidez cadavérica para agora desistir dela.

Acreditar nos sonhos é o meu lema*






(*) nem por isso que acredito nisso.

segunda-feira, 18 de março de 2019

ATÉ AQUI CHEGÁMOS (PARTE I)

Karl Marx tinha razão:
Chegámos a um ponto em que o capitalismo luta pela sua própria sobrevivência. E o desespero está bem à vista. Muitas empresas cotadas em bolsa já usam de artifícios e manobras financeiras para remunerarem os seus accionistas, como a McDonald's (entre muitas, muitas outras) que comprou do seu próprio bolso milhões das suas próprias acções para inflacionar o seu valor e assim distribuir dividendos a accionistas prontos para saltar fora.

A ERA GLACIAR DOS SALÁRIOS
O ponteiro dos salários não se mexe há 20 anos! Como Karl Marx previu, o capitalismo chegaria a um ponto em que pagaria tão pouco aos trabalhadores, que o poder de compra destes causaria um ciclo vicioso de cortes em mão-de-obra e fuga de empregos. Resultado? Os trabalhadores não têm dinheiro para comprar o que o capitalismo produz! 
Está aos olhos de todos que o capitalismo hoje está completamente perdido e se desfaz em promoções, descontos, ofertas, saldos e saldos e mais saldos, tantos, que já ninguém sabe dizer qual é exactamente a época de saldos do ano. Tudo para impulsionar o consumo cortando por outro lado nos custos de produção (leia-se, mão-de-obra). E mesmo assim, mal conseguem...

O saldo no fim de tudo isto é claro : O desnorte de uma população que não tem emprego, os que têm um emprego, este é temporário, mal remunerado e sofrendo todo o tipo de violações dos direitos laborais mais básicos (porque o patronato sabe que não vão ripostar por falta de empregos no mercado) e pior: Muitos destes, são capazes de entregar o seu companheiro de trabalho ao Caifás ( ou capataz?) por trinta moedas de prata, só para salvar o seu emprego.
A oportunidade de movimentos populistas de extrema-direita que crescem que nem cogumelos, prometendo uma revanche contra a globalização em nome do little man.
E no terceiro mundo? A quase escravidão! Como o algodão das nossas roupas, que vem em grande parte do Uzbequistão onde o governo de oligarcas e criminosos obrigam a população em gigantescas "requisições civis" (incluindo crianças e velhos) a apanhar o algodão gratuitamente. 
E a UE assina acordos comerciais com eles, sempre com o dedinho hipócrita a apontar as violações de direitos humanos e com o Uzbequistão a dizer que está a combater esses crimes...mas que se não lhes comprarem o algodão é pior, porque a população vai ficar ainda mais pobre e blá-blá-blá.

ATÉ AQUI CHEGÁMOS!

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

KEEP CALM (AND FUCK YOU)

Não suporto pessoas "positivas". Não suporto pessoas que encaram e vêm a vida com o "copo meio-cheio". Não tenho paciência para gente que se orgulha da sua ignorância pessoal sobre tudo o que se passa à sua volta.

Os grandes homens e mulheres da história da humanidade eram pessimistas e inconformados(as). Gandhi; Luther King; Malala Yousafzai; Rosa Luxemburg ou Sophie Scholl nunca disseram " humm, eu acho que este copo de direitos civis está meio cheio, obladi oblada life goes on".

Não estou a dizer que se deve fazer do cepticismo uma regra de ouro, ou da depressão e do negativismo uma forma de vida ou corrente de pensamento; mas, o atraso da nossa civilização, culturalmente, socialmente, sexualmente, economicamente etc, deve-se às pessoas que estão sempre contentes e contentadas.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

Blackboard Jungle

O Facebook é como aquelas namoradas chatas do tempo do liceu. Queremos acabar com elas mas não nos largam com chantagens emocionais do tipo "se acabares comigo nunca mais vais ser feliz e nenhum dos nossos amigos vai querer falar contigo" e perguntas sem fim de "porquê?"; "o que é que eu fiz?"; "diz-me porquê eu juro que não faço mais" e quando finalmente é confrontada com a realidade de que não queres mesmo mais nada com ela, nem na viagem de finalistas da Páscoa, a cair de bêbado numa discoteca no centro de Benidorm. É aí que ela te atira o grande e verdadeiro clássico das relações acabadas da adolescência: "Podemos continuar a ser amigos? Eu nunca vou deixar de ser tua amiga e se precisares de alguma coisa eu estarei aqui".
É uma forma "clean" de deixar a "janela aberta", de poder continuar a pressionar no futuro. Se deixarmos de ser amigos cortam-se de vez os encontros, as conversas etc.
E o que é que vamos dizer? Ser um parvalhão insensível e dizer que não? Só nos resta responder com um lacónico "sim..."

Quando começamos o processo de "desfacebookar" a primeira coisa que o FB faz é perguntar-te se tens a certeza que é mesmo acabar com ele que queres, perguntando-te:
Motivo da saída
(obrigatório)
  • Isto é temporário. Vou voltar.
  • Tenho outra conta do Facebook.
  • A minha conta foi pirateada.
  • Não considero o Facebook útil.
  • Tenho uma preocupação relacionada com a privacidade.
  • Passo demasiado tempo a utilizar o Facebook.
  • Não compreendo como se utiliza o Facebook.
  • Eu não me sinto em segurança no Facebook.
  • Recebo demasiados e-mails, convites e pedidos do Facebook.
  • Outro, explica detalhadamente:
  • +
O "outro, explica detalhadamente" lembra-vos alguma coisa? Horas passadas atrás do "Pavilhão B" em explicações idiotas, desculpas esfarrapadas e a discutir no meio de choros e acusações?

Depois vem a chantagem emocional:
"Se desactivares o Facebook não vais poder interagir com estas pessoas" E o FB mostra-te um painel de fotos de pessoas "teus amigos do FB".

É aí que eu fiquei convencido que o algoritmo do FB foi criado por uma adolescente. É que o painel de "amigos" estava repleto de pessoas que eu ou não gostava, ou não me interessavam, não me visitavam nem eu a elas. Nem sequer mostrou pessoas que até me visitavam e comentavam. Não, um monte de "partilhadores compulsivos" de citações falsas de autores; mensagens tiradas de páginas de auto-ajuda assim a modos que para o Oriental meio Buda meio Clarice Lispector ou artigos de notícias falsas, abrindo para uma caixa de comentários furiosos - qual esgoto a céu aberto- repleto de declarações racistas, xenófobas, de gente desinformada e analfabeta. Já para não falar nos "grupos".

E no fim..."continuamos a ser amigos" porque basta entrar um dia com o email e a password e pimba já estás outra vez num relacionamento que te segue, que te enche o saco de perguntas idiotas, das quais esta, a pior de todas "EM QUE ESTÁS A PENSAR?"

-EM NADA FODA-SE, DEIXA-ME EM PAZ. OLHA VOU À CAFETARIA BEBER UM CAPRI SUN DE ANANÁS E COMER UMA MISTA PRENSADA.





quinta-feira, 22 de novembro de 2018

OH THE HUMANITY

Como Serial blogger e escritor, o meu sonho é escrever uma história com cabeça tronco e membros, para que, como psicopata, eu a possa esquartejar e enterrar em diversos dos buracos do deserto da minha mente.

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Facebook killed the blogger star


Hoje, na minha tentativa de reactivar o élan perdido aqui no Serial Blogger, fui espreitar os contadores de visitantes e a conta de email oficial aqui do blog.

No meio de tanto "spam" ainda andei a ler os emails, na esperança vã de encontrar um mail de uma editora a propor-me a publicação do Serial Blogger em livro. E depois um filme, com o Brad Pitt no papel de Sam, por ser o actor mais parecido comigo. Mas nada.

Mas nem tudo é mau; há um general da Nigéria que aparentemente está disposto a partilhar comigo uma herança de 10 milhões de euros que se encontra depositada num banco inglês e que por qualquer razão que eu não entendi, ele não consegue levantar. A menos que eu lhe envie dinheiro...coisa que obviamente não tenho. Será que não há telejornais na Nigéria? Eles não sabem que Portugal está falido?

Enfim...o meu comatoso e esquecido blog:

Deparei-me com a triste, mas expectável realidade: O número de visitas mensais caiu de, mais coisa menos coisa; 1100 em Junho de 2008 para 246 em Janeiro de 2016. Sinto que desiludi os meus fãs e seguidores!

Vendo bem as coisas, isto até nem são números maus. Considerando que com os facebooks e os twitters já ninguém lê nem escreve blogs (aparentemente, eu incluído). 

E considerando que há anos que não escrevo nada, até é de estranhar alguém continuar a vir cá espreitar.

E quem são os leitores? Fui espreitar as estatísticas e o blogger diz-me que são de um pouco por todo o Mundo como se pode ver no mapa. Com predominância para Portugal e Brasil, os leitores também são do Egipto, Ucrânia, Itália, U.K. EUA, México e Irlanda.O que não abona nada à fama deste países, porque o blogger chiba tudo e as visitas vêm direccionadas de pesquisas por "gajas nuas"; "fetiches com anãs cossacas"; "sou um falhado, o que é que eu faço?" ou "como realizar um porno de baixo orçamento".

Nem sequer os "posts" mais lidos são recomendáveis. 
Ora vejamos :
1º -A Biografia de Marilyn Manson O mais lido de todos, com centenas de visitas e com comentários insultuosos de um exército de jovens aborrescentes brasileiros, que são obviamente fãs do artista e que não concordam com a minha versão dos acontecimentos.

2º-The Dancing Town, o 2º mais lido, porém, sem comentários.

3º-We Gotta Get Out of This Place. Uma reflexão profunda sobre o "Chatroulette", que provavelmente é a coisa mais inútil e pornográfica da internet. E estamos a falar de muitas coisas inúteis e pornográficas na internet, que em boa verdade é a sua definição.

Tudo isto para dizer que a minha resolução para 2016 é : vou voltar a escrever no blog... Vamos lá ver se esta não vai direitinha para o mesmo lugar que os já clássicos "fazer dieta", "ir ao ginásio" e "deixar de fumar".

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

The Sinister Urge


Estive de férias até hoje... Amanhã volto ao trabalho e já sinto o choque do regresso. Chamemos-lhe o "choque pós traumático do regresso de férias".
Os regressos de férias são sempre demasiado dolorosos, sobretudo porque por um lado detesto o que faço, como também detesto trabalhar em seja no que for.
O pior de vir de férias nem é o calor insuportável que ainda se fez sentir esta semana, nem sequer o acordar cedo. Uma das piores coisas de vir de férias é a primeira pergunta que invariavelmente é feita pelos parvalhões dos colegas.
E qual é então essa pergunta? "Então e essas férias?" Em primeiro lugar quero aqui deixar bem claro, que isso nem chega bem a ser uma pergunta, logo nem merece resposta. Mas eles também não querem ouvir resposta. Ainda assim o protocolo manda que se responda "Curtas! São sempre curtas!" ( sorriso amarelo q.b )
Eu gosto de variar e repondo sempre: "Não foram nada de especial, mas pelo menos foram dias em que não vos vi."
Seria de esperar que isso causasse incómodo, mas não. Porque eles nem ouvem a resposta ou acham que eu estou a brincar. Como todo o bom trabalhador regressado de férias saberá, a primeira pergunta foi só a preparação para a conversa parva que se segue:
"Baterias carregadas? hã? Espero que tenhas descansado muito para o trabalho que se segue!!!
É óbvio que no primeiro dia estamos tão cansados (ou mais) como no dia em que fomos de férias. Ou então é o estado de latência em que o nosso cérebro se encontra. O choque do regresso costuma ter esse efeito.
O protocolo manda que se responda "ahahah" (risada pouco convicta ou sorriso amarelo q.b.)
Escusado será dizer que o primeiro "desafio" é tentar não fazer nada durante a primeira semana, saltitando de ronha-em-ronha e de desculpa -em-desculpa. O segundo desafio consiste em ir ver ao calendário e ver qual será o próximo período de férias e começar a contar os dias até lá.

E é isso. Acabaram-se as férias e já não posso praticar a minha actividade favorita: Fazer nada.

terça-feira, 6 de março de 2012

Always look on the bright side of life

-Estavas a dormir? No trabalho?, indagou ela, referindo-se, provavelmente, aos meus olhos claramente injectados de sangue.
-Acho que ainda estou. A dormir e a sonhar. Disse-lhe eu, aproximando-me e acariciando a linha do seu rosto com o indicador.-Porque tu saíste directamente dos meus sonhos, boneca.
Ela afastou a minha mão quase com violência como se não me quisesse. Aaaahhh, o intemporal jogo de sedução, do gato e do rato. Sorri para mim mesmo. E para ela também. «Sim», pensei, «eu jogo, mas comigo o jogo é o "Monopólio": dá as voltas que quiseres, bebé, mas no fim acabas num hotel barato ».
-Tentei ligar-te montes de vezes, mas dá sempre sinal de imp...-interrompeu-se ao avistar o telefone no chão, em pedaços, entre as garrafas de vodka barata, um martelo e um LP da Roberta Miranda.
-A linha tem problemas, referi casualmente, acabando a garrafa de Gin de um trago só e acendendo dois cigarros e atirando para o ar, uma grande baforada de fumo.
-Tenho um problema, disse ela, recuando um passo, o pensamento claramente toldado pela inegável e crescente tensão sexual entre nós.
-Um problema...«sei», pensei eu com um esgar trocista nos lábios «mulheres como ela eram o problema. problema tão indecifrável como um cubo de Rubik».
-Um quê?Hã?!, interpelou ela de sobrolho franzido.
-Às vezes penso em voz alta.O que pode ser problemático, principalmente quando, como agora, pensava na forma dos seus generosos seios. Os teus generosos, arquejantes e bamboleantes e provavelmente simétricos seios, sem aquela veia azul horrorosa que algumas têm.
-Pára com isso! Esses comentários são completamente inapropriados e nojentos. Tu és asqueroso, rematou ela, tentando, em vão, resistir à atracção que sentia por mim.- A impressora tem um "paper jam" e não consigo tirar o papel. Já tentei com uma pinça e tudo, mas não consigo. Ajudas-me ou não?
- Se calhar é preciso uma pinça maior. Disse-lhe eu com o meu sorriso nº9, que só uso quando a presa está já no papinho há muito.As suas palavras diziam uma coisa, mas a sua linguagem corporal; os braços cruzados, o pé tamborilando impacientemente no chão e o olhar furioso, eram a linguagem da mais pura luxúria e do desejo carnal.
Atirei o cigarro para o cesto do lixo, agarrei-a pelo pulso e puxei-a para mim, escostando-me à sua cara. -Escuta, fofa, mulheres como tu são apenas sarilhos de saias, voz aveludada e seios arquejantes e bamboleantes.E eu preciso de mais sarilhos como preciso de aftas na boca.
-Mau...disse ela, afastando a cara com uma carêta, certamente para não cruzar o seu olhar com o meu. Ela sabia, no mais profundo do seu ser, que quando isso acontecesse, seria o início da contagem decrescente até bater com as omoplátas no meu colchão.
-Dás-me ao menos o número da assistência técnica?, implorou ela, libertando-se.
-Assistência técnica, sim é só isso que queres de mim né baby? Sou um objecto para ti.Ok!, exclamei, Ganhaste! Não posso resistir a esses olhos doces. Nem ao ondular dos teus seios arquejantes e bamboleantes.
-Oh que car...
-Shh, interrompi eu, pousando o indicador sobre os seus lábios, a ponta acariciando a gengiva húmida, não precisas dizer nada fôfuxa.
-Tens a mão pegajosa...
-É da cola, respondi de pronto.Ambos olhámos em volta; não havia tubos de cola à vista.
-Não podes provar nada, completei, interrompendo o silêncio momentâneo.De súbito a sua expressão assume um tom assustado, com certeza uma manifestação do seu anseio de volúpia flamejante.
-Fogo! Gritou ela por fim.
Sim, querida, também o sinto, o amor é fogo que arde sem se ver, disse-lhe enquanto acabava a garrafa de conhaque.
-Não, fogo!, voltou a exclamar.
-Sim, fogo.
-O cigarro...
-O cigarro vem no fim, ma petite chérie, disse-lhe com uma piscadela de olho, arreganhando a dentuça amarelada. Sentes a paixão que te intoxica, né minha costeletinha de porco?
-É o fumo!, guinchou, de forma pouco muito pouco atraente.
-Sim, my dear, o fumo... o fumo do desejo, disse eu, tentando fazer sentido do que dizia. Uma coisa era certa: o seu forte não era a palavra. (Eram os seios arquejantes be bamboleantes.)
Saiu, a correr, decerto com medo de ceder à tentação,de se perder comigo num vortex de emoção, perigo, aventura e orgasmos múltiplos, deixando-me a sós com a ressaca que ameaçava devoraro meu corpo. Uma ressaca horrível, por sinal, como se até ouvisse sirenes, mas daquelas dos farois em dia de nevoeiro. Sorri, dando um último gole de Havana Club. «meu sacana», pensei eu, «és um pinga-amor incorrigível».