É mais uma história que não interessou a ninguém.
É só a história de um grupo de pobres do Magrebe que deram à costa algarvia e foram presos. Vinham de Marrocos, que nós só conhecemos dos resorts de luxo, belas praias e taxas de câmbio vantajosas. Vinham de Marrocos, que é uma monarquia e uma ditadura, mas que os nossos democráticos governantes, verdadeiros estandartes da democracia e da liberdade, beijam, abraçam e estimam numa sincera amizade diplomática, democrática e fraternal. Que havemos de dizer? Há negócios pelo meio, contratos assinados....há dinheiro fácil.
Vinham de Marrocos e foram presos. Pediram asilo humanitário mas foi-lhes negado. Porquê? Porque não se provou que eles eram perseguidos politicamente no seu país nem fugiram de uma guerra.
Estranhos homens e mulheres que proferem uma sentença assim. Porque a verdade, é que são perseguidos, sim: Perseguidos pela fome, pela pobreza, pela miséria da precariedade. Vivem numa guerra desde o dia em que nasceram. Uma guerra sem fim à vista. E decidem fugir. Arriscando as suas parcas economias e a vida, tentam descobrir um cantinho da rica Europa onde possam trabalhar, viver em paz, ganhar algum dinheiro e melhorar a sua condição de Homens e Mulheres e talvez também das suas famílias que ficaram lá na guerra.
Ficaram num pequeno campo de concentração. quarto-cantina-cantina-quarto sob o olhar de guardas e seguranças. Dias fizeram semanas. Semanas fizeram meses. Quando saiu a ordem de deportação, já no micro-campo de concentração do aeroporto ( por vezes sala de tortura e morte ) do SEF, dizem-lhes que vão ficar mais 30 dias reclusos ( coisas pandémicas ). E eles fizeram o que estava certo : revoltaram-se. Partiram coisas e deram prejuízo ao Estado, ao povo português, que como se sabe não perdoa danos nem desperdícios de dinheiro nem aos seus pobres quanto mais a pobres estrangeiros!
Alguns foram condenados a mais de 1 ano de prisão.
Moral da história?
Sei lá...quem é que vai pensar nisto? Eu disse no início que isto era uma história em que toda a gente cagou.
Será que vamos salvar o verão? Olha o nosso turismo e a nossa restauração que precisa tanto dos ricos estrangeiros, que dos pobres, esses, bem que se podem ir foder.