quarta-feira, 5 de maio de 2021

THE PERSUIT OF UNHAPPINESS

É mais uma história que não interessou a ninguém. 

No meio do mete-máscara-tira-máscara, lava as mãos e lava outra vez, teletrabalho, teleconferência, teleucaristia, telescola, teleginásio, teleconsulta, telesexo, teletexto, telemarketing, telepolícia, telefone, telemovel, teletransporte, telepizza, telecomando, telecomandado, telerunião, televisão, telefesta, telefuneral, telejulgamento, teleculinária, telecomunicação, telepolítica, telegrama, teleoração, telecomunicação, telefonia, teleparto, telecirurgia, teleterapia, teleconfissão e teleabsolvição, televisita, telefisioterapia, telerestaurante, teleindignação, teleturismo, teleparlamento, teledemocracia, teleguias e teleguiados, telecomício, televoto, teledebate, teledesporto, telebrinde, teleleitura, telescrita, televiolência, telemasturbação, teleamizade, telecompras, telebar, teleaniversário, telemanifestação, telebanco, telecorreio, telenoivado, telenamoro, telecasamento e teledivórcio, telecomunhão, telecultura, teleagricutura, telejardinagem, telefestim, telegrafia, telexposição, telecondução, teleprisão, telesuicídio...é compreensível.

É só a história de um grupo de pobres do Magrebe que deram à costa algarvia e foram presos. Vinham de Marrocos, que nós só conhecemos dos resorts de luxo, belas praias e taxas de câmbio vantajosas. Vinham de Marrocos, que é uma monarquia e uma ditadura, mas que os nossos democráticos governantes, verdadeiros estandartes da democracia e da liberdade, beijam, abraçam e estimam numa sincera amizade diplomática, democrática e fraternal. Que havemos de dizer? Há negócios pelo meio, contratos assinados....há dinheiro fácil.

Vinham de Marrocos e foram presos. Pediram asilo humanitário mas foi-lhes negado. Porquê? Porque não se provou que eles eram perseguidos politicamente no seu país nem fugiram de uma guerra. 

Estranhos homens e mulheres que proferem uma sentença assim. Porque a verdade, é que são perseguidos, sim: Perseguidos pela fome, pela pobreza, pela miséria da precariedade. Vivem numa guerra desde o dia em que nasceram. Uma guerra sem fim à vista. E decidem fugir. Arriscando as suas parcas economias e a vida, tentam descobrir um cantinho da rica Europa onde possam trabalhar, viver em paz, ganhar algum dinheiro e melhorar a sua condição de Homens e Mulheres e talvez também das suas famílias que ficaram lá na guerra.

Ficaram num pequeno campo de concentração. quarto-cantina-cantina-quarto sob o olhar de guardas e seguranças. Dias fizeram semanas. Semanas fizeram meses. Quando saiu a ordem de deportação, já no micro-campo de concentração do aeroporto ( por vezes sala de tortura e morte ) do SEF, dizem-lhes que vão ficar mais 30 dias reclusos ( coisas pandémicas ). E eles fizeram o que estava certo : revoltaram-se. Partiram coisas e deram prejuízo ao Estado, ao povo português, que como se sabe não perdoa danos nem desperdícios de dinheiro nem aos seus pobres quanto mais a pobres estrangeiros!

Alguns foram condenados a mais de 1 ano de prisão.

Moral da história? 

Sei lá...quem é que vai pensar nisto? Eu disse no início que isto era uma história em que toda a gente cagou.

Será que vamos salvar o verão? Olha o nosso turismo e a nossa restauração que precisa tanto dos ricos estrangeiros, que dos pobres, esses, bem que se podem ir foder.