quarta-feira, 15 de junho de 2011

ADEUS TWIKI, ADEUS NUNO GOMES


As recentes notícias tiveram o efeito de me deixar momentaneamente soterrado em nostalgia. Daquela cinzenta e peganhenta que nos deixa a remoer e a maldizer da nossa sorte de crescermos. Ou do mítico Glen A. Larson por ter tido a desastrosa ideia de deixar de produzir o Buck Rogers no Séc.XXV. Isto sim é futuro a sério, qual Espaço 1999, qual carapuça. Um gaijo que quer fazer um filme no futuro faz logo sobre o Séc 80.000, praí, para ter a certeza que não vai estar vivo nessa altura senão passa a vergonha de toda a gente ver que o futuro que imaginou era uma grande aldrabice! Ora o gaijo do Espaço 1999 achava que desde os anos 70, tanta coisa ia mudar? É certo que, entretanto, até o José Cid já pousou nu, mas então ainda andam gaijos de afro na rua! E o Eládio Clímaco continua paneleiro!Mas lembremos então Buck Rogers: Um astronauta canastrão com ar de pai do Starbuck da original Galáctica (a que tinha as naves penduradas por fios de nylon), que é também o Face Man dos Soldados da Fortuna (recuso-me a dizer o título em brasileiro), fica congelado no espaço e é recolhido uns 500 anos depois pelos bons, mas com uma vontade tremenda de fazer uma mijinha antes de se meter no meio da luta contra os maus e dar cabo deles todos. "Sozinho?" perguntam os inberberes ou os Alzheimados. "Não sei, porque a cena da mijinha não se vê", respondo eu. "Mas um herói solitário nas séries dos anos 70 e 80 nunca tinha piada, a não ser o Caine do Kung Fu e o Cão Vagabundo", junto. Assim o bravo Buck Rogers, com uma energia inesgotável produzida a partir de sandes de coirato e copos de três, junta-se à pequena fanfarra de gente que faz parte de um esquadrão de naves de cartolina, leds e botões quadrados – Entre eles a Coronel Wilma (a gaija da série - naturalmente loura, naturalmente melodramática e naturalmente a mandar os seus longos cabelos para trás das costas com um flic de pescoço cada vez que se mexe), o Dr. Theo (um holofote que acende e apaga e que é, sem surpresas, a personagem mais inteligente da série) e a razão da minha angústia, do meu desassossego, da minha melancolia, da minha saudade – o Twiki.O Twiki era um robot pequenino amarelo com cara de miúdo que dizia "bidi-bidi-bidi" entre cada bocadinho e era o melhor amigo do Buck Rogers, mesmo sendo muito melhor actor e muito mais dinâmico apesar de se mexer como se mexe um anão preso num fato de lata com dobradiças. O Twiki era o herói na sombra, o mais divertido, inesperado e também ansiado por toda a gente. Por vezes irritava um pouco pelas suas trapalhadas repetitivas e às vezes até dizíamos numa voz um pouco mais arisca "Porra Twiki!". Mas rapidamente nos arrependíamos e nos voltávamos a deixar encantar por este boneco de lata, pois os momentos de boa disposição e humor burlesco eram quase impagáveis.Mas inesperadamente, o Twiki foi-se. E com o fim do Twiki ao fim da tarde de cada domingo, acabaram-se aqueles doces momentos de prazer que nascem do carinho que nos merece a simpatia de quem nos foi conquistando aos pouco. Senti-me só. Descompensado, incompleto. E apenas há uns anos voltei a descobrir esse pedaço do meu "eu" emocional que me roubaram numa sombria tarde de Domingo: Tinha um vocabulário mais limitado que o "Bidi-bidi" do Twiki, mas tem o mesmo ar de menino, os mesmos movimentos trôpegos, a mesma griffe atijelada, a mesma tendência para o burlesco. E quando o via, cada fim-de-semana, havia algo em nós que se consolava e se renascia. Nunca haverá outro Twiki, é certo, e agora também já não teremos o Nuno Gomes…é o início do fim da nossa juventude.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Three on a Match

Carlos não era um gaijo muito paciente. Um ano depois de se casar com Carla,  resolveu finalmente reclamar de seus dotes culinários:
-Eu não sinto que haja amor nos teus cozinhados. Não há amor no teu arroz de feijão, que tresanda. Nunca conseguiste fazer um jantar saboroso, como os que só minha mãe sabia preparar. Desculpe, môr, mas eu precisava desabafar! Isto estava entalado na minha garganta, junto com as espinhas do peixe de domingo!
Com as lágrimas nos olhos, a esposa agarrou em Carlos pelo braço e conduziu-o até a porta de casa. Com as mãos e a voz trémulas e, balbuciando baixinho, Carla também desabafou:
-Eu não sinto que haja amor em ti. Nem nas tuas virilhas, que fedem a queijo podre. Tu nunca conseguiste fazer-me vir, como só o Zé sabia. Desculpa môr, mas eu precisava desabafar! Isto estava entalado na minha garganta, onde o teu pau nunca conseguiu chegar!

quarta-feira, 25 de maio de 2011

A Holy Terror

Uma das muitas coisas que sempre me intrigou, foi o facto das revistas que as educadas e idosas senhoras que testemunham em favor de Jeová me davam terem, invariavelmente, desenhos coloridos de alegres petizes de várias etnias a  brincar, despreocupadamente, em verdes e floridos prados, com pandas e os outros animais considerados selvagens. Não saberão as pessoas responsáveis pela concepção destas revistas que, para além dos pandas não habitarem em prados floridos, este é um perigoso animal selvagem? Afinal de contas o panda é um urso! - não é tipo "vem aí o Sousa, o tipo é um granda urso, vamos embora", mas antes "vem aí um urso, foge Sousa" - O urso é um animal selvagem e que não é conhecido pelas suas capacidades de babysitting (o urso, não o Sousa ).
"Ah, mas os pandas são muito fofinhos e só comem bambu", dirão vocemecês-que-só-querem-javardizzzze. Ora fofinhos eles até podem ser, podem até serem simpáticos, ao ponto de terem ido para o paraíso, ao contrário dos ursos maus que foram para o inferno como o Winnie the Pooh e do ursinho que andava sempre no colo da Madeleine McCann - dizem que era o peluche preferido de Maddie, mas para mim ele é o responsável máximo, o mandante, o autor moral do desaparecimento da miúda -  E pá, se os pandas só comem bambu é porque, com certeza, nunca ferraram o dente numa tenra criancinha (*).

(*) O termo usado pelo autor "tenra criancinha" é usado única e exclusivamente num contexto gastronómico.


sexta-feira, 20 de maio de 2011

Kid Galahad

O Hugo era um tipo abrutalhado. Não era por mal. pedra bruta, era a sua natureza. Certa vez, depois de ter faltado 5 dias dias, a directora de turma perguntou-lhe a razão, ao que ele respondeu, inocentemente e com um encolher de ombros, "Estive de caganeira". Ela tentou disfarçar o riso. Nós não.
O Hugo travava uma luta diária com a literacia, e estava a ganhar. Num teste de Português copiou tudo pelo Nuno, e quando o Hugo copiava, o Hugo copiava mesmo: palavra por palavra - o que, curiosamente, não passou despercebido à stôra.
Gostávamos de jogar à sueca com o Hugo porque dizia "trrrunfo" e porque fazia passagens para apanhar a manilha que corriam sempre pro torto. Não gostávamos de jogar às cartas com o Hugo porque demorava eternidades a jogar, mesmo que só tivesse uma única carta na mão.
Uma vez gabou-se de ter beijado a Teresa. Tinha bebido da mesma lata de 7-Up e, explicou ele, pela regra da transferência isso era o mesmo que tê-la beijado nos lábios. Não era, asssegurou-lhe o Xavier, que ia diariamente para trás do refeitório com a Patrícia dar linguados à francêsa e por isso era, de todos, a maior autoridade  no assunto.
Às vezes fazíamos concursos a ver quem conseguia fazer chegar um fio de cuspo mais perto do chão e voltar a sorvê-lo e ele ganhava sempre. Até conseguia puxar papéis do chão, se levasse gosma q.b na ponta. Não folhas A4, mas os papéis das pastilhas Gorila e isso.
Nas aulas de Educação Física o Hugo perguntava às meninas se lhe queriam ver a pila. Elas diziam que não, mas ele mostrava na mesma. Mas quando jogávamos ao mata, todos queriam ficar na equipa dele, porque ele levava aquilo muito a sério e a probabilidade de alguém morrer era bastante real. O João que o diga, que levou uma bolada na nuca e ficou o resto da aula a babar-se no chão do ginásio, branco como a neve.
O problema do Hugo era ser muito competitivo. Uma vez fizemos um concurso para ver quem conseguia suster a respiração por mais tempo. O João aguentou quase dois minutos, até ficou roxo e tudo, mas o Hugo ganhou. Quase morreu, mas ganhou. Era um rapaz burro, bruto e ignorante. Fazia tudo o que fosse preciso para se safar. Era batoteiro e mentiroso, gabarolas e covarde...mas era a sua natureza. E a natureza sabe o que faz. Hoje, Hugo é chefe de departamento de uma grande empresa. Está bem de vida. Frequentemente viaja, sem interesse, para países que nós não conhecemos. Frequentemente muda de carro. Frequentemente trai a mulher. Frequentemente é aumentado, e já há lá na freguesia quem o pressione para se candidatar à presidente. E vai brilhar! Tenho a certeza disso. Porque a natureza sabe bem o que faz.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Anos De Ouro

No infantário, quando me perguntavam o que é que eu queria ser quando fosse mais maior grande, fazia sinal com a minha mãozinha  para esperarem, ia a casa buscar o filme Os Doze Indomáveis Patifes, voltava e , apontava para a cassete Beta Max e dizia " qué-o sê ito". Ao contrário dos meus colegas, que queriam todos ser médicos, jogadores de futebol ou astronautas, eu queria era ser mau como as cobras. Queria ter a tenacidade do Lee Marvin, o olhar gélido e intrépido do Clint Eastwood e o desprezo pela vida humana do Charles Bronson. O meu pai ria-se e, despenteando-me paternalmente o cabelo, dizia-me que não podia ser um polícia justiceiro duro com'ó aço que agia à margem da lei em busca de vingança na S. Francisco dos anos 70, nem podia fazer parte de um bando de cowboys implacáveis ou entrar em missões suicidas em nome da CIA, porque era um covarde.
Algum tempo passou, amadureci com a 1ª classe e, gorado aquele sonho, decidi que o que eu queria era ser bom e sexy. A minha mãe sorriu, chamou-me "patetinha" e perguntou-me se já me tinha visto bem ao espelho.
Cheguei então à conclusão que só me restava uma saída: queria ser uma estrela do rock'n'roll. Fazer música da pesadona, solos de guitarra de 45 minutos e ter miúdas a fazerem-me coisas que na altura não sabia muito bem o que era mas que, a julgar pelos filmes franceses que passavam na RTP 2, pareciam porreirinhas da silva. A gargalhada em casa foi geral. "Mas tu não tens nem nunca vais ter talento para absolutamente nada!", exclamou a minha família em uníssono naquela noite de Natal.
Os anos passaram e eu aprendi a esconder dentro de mim todos os meus insondáveis sonhos, acreditando que jamais na vida teria valor para os concretizar mas recusando-me a deixá-los morrer.
Em boa hora o fiz, pois a minha fé e perseverança heroica venceu e hoje sou tudo o que alguma vez quis:

quinta-feira, 24 de março de 2011

Battle Circus

Se eu vos disser que pratico desporto, a vossa reacção imediata, e partindo do princípio que não se riam a bandeiras despregadas, seria apalpar-me os músculos e ouvir a minha respiração lânguido-asmática. No entanto, se eu vos explicasse que o desporto que pratico, consiste em flectir ligeiramente os joelhos, debruçar-me sobre mim próprio atirando os braços para trás e, posteriormente, lançar-me de uma ribanceira abaixo e mantendo-me o mais imóvel que possível, vocês diriam, e com razão, "pá, isso é estúpido caralhe." E, no entanto, essa é uma modalidade olímpica conhecida como saltos de ski. "De" ou "em", não sei bem. Quer dizer, não é olímpica-olímpica-olímpica, é olímpica de inverno, que está para os Jogos Olímpicos de verdade, como aquele vosso primo de 32 anos, que se ri com a boca toda aberta cheia de gômas e bate palmas quando vê os Power Rangers está para o resto da família.
Percebo a existência de outras modalidades, como a patinagem artística, que sempre dá oportunidade a homens adultos presos nos armários das suas libídos reprimidas, de usar fatos cheios de lantejoulas e rodopiar em bicos de pés sem ter que encarar um touro, ou o curling, mais popular entre as mulheres canadianas de meia idade que a menopausa, e que é um desporto que exige precisão e mestria na utilização de uma vassoura. E hóquei em gelo - isso sim, um desporto a sério, de gaijo - em que homens desdentados, cheios de analgésicos nas veias, e que se deslocam a grande velocidade em cima de lâminas se agridem mutuamente com paus. Ou o Rugby, esse, é o Ferrari dos desportes de gaijo! Não falta porrada, cuspidelas, insultos e o pior que vos pode acontecer é acabar a namorar com a Carolina Patrocínio. Mas saltos em (de?) ski? Não me lixem pá. Não bastava a Eurosport (ênfase em sport) transmitir campeonatos de dardos e jogos de cartas como se isso fosse desporto? Ou ciclismo? A sério, nada que possa ser feito com rodinhas de apoio ou por pensionistas numa taberna pode ser considerado desporto, por isso, senhores do Comité Olímpico, por favor, revejam rapidamente a definição dessa palavra ou ainda vamos ver o Macaco Chinês como modalidade nos Jogos Olímpicos do Rio...

sexta-feira, 18 de março de 2011

The Dancing Town

Se há coisa que odeio neste mundo, é quando pergunto que estilo de música uma pessoa gosta, e ela me responde "gosto de todo o tipo". Para mim é a mesma coisa que dizer "não percebo nada de música, tenho uma personalidade fraca, e para mim esse assunto não interessa". Será que essa pessoa quando está em casa ou no carro, a caminho do emprego, ouve jazz experimentalista ou de  grindcore seguido de uma música "pimba" ? Uma coisa que me deixa curioso é saber que tipo de discos essa pessoa terá em casa, aposto que um de Dire Straits mora lá de certeza, mas como gosta de todo o tipo também tem de ter o álbum de estreia dos Carcass e o "Greatest Hits" da Celine Dion. Se eu fosse patrão perguntaria isso a todos os meus empregados. Quem me respondesse dessa maneira, ou de forma similar, era logo despedido e com justa causa, porque se ele não liga a um assunto cientificamente provado que agrada a 99% dos humanos, como iria ligar aos assuntos profissionais? Imaginem se tivessem perguntado ao Einstein, no inicio de carreira, que tipo de música ele gostava, o mais provável era responder "de todo o tipo desde que o volume esteja no mínimo", isso levaria a que os habitantes de Hiroshima, ainda hoje, nos estariam a agradecer a nossa atitude, quiçá, talvez até a enviar-nos electrodomésticos no Natal.

terça-feira, 15 de março de 2011

The Treasure of the Sierra Madre

Hoje vou fazer um protesto ecologico e politicamente correcto. Os homens e as mulheres estão a praticar um verdadeiro holocausto florestal na nossa área de preservação ambiental favorita. Um crime contra a humanidade que tem que ser detido, sob pena da desertificação irreversível das ditas áreas e do aumento considerável do efeito estufa. As meninas e os metrosexuais ( indivíduos que não são gays, mas que possuem alvará legal para sê-lo sempre que quiserem ), sem medir as consequências de seu acto insano deram em derrubar toda a floresta que circunda a sua zona púbica. Está certo que quase já não há áreas verdadeiramente virgens por ali, mas é necessário que se preserve parte da floresta. Que se faça uma limpeza na mata, mas preservando ao menos uma franja da mata nativa, como determina nosso Código Florestal. Estou até a pensar seriamente em fundar o MSP- Movimento dos Sem Pêlos, como forma de lutar pela preservação ambiental das áreas destruídas. O prazer de um simples piquenique já não é o mesmo! Gosto mais de me divertir na floresta que em desertos. O mundo querendo preservar as suas florestas e as meninas  a  destruirem insanamente as mais belas matas da face da Terra. Temos de fazer um acordo, e que se preserve ao menos 30% da área.Sou a favor de uma fiscalização minuciosa por parte do ministério do ambiente.
PELA NOSSA FLORESTA ! PORQUE A ÁRVORE É UM AMIGO!

quarta-feira, 9 de março de 2011

A Escola Do Crime

Já muito se falou sobre os Tokio Hotel, sendo que a maior parte foi por adolescentes histéricas aos gritos e sem grande coerência. Então que mais há a dizer sobre aquilo que parece ser o fruto bastardo do amor entre a Christina Aguilera e um porco espinho?

DEMOREI 1 HORA A FAZER ESTA MONTAGEM...É A IDADE !
A única coisa que me ocorre é "bem feito!" Se a minha geração teve que sofrer é apenas justo que esta pague também pelos seus pecados. No meu tempo os corações das jovens, bem como outras partes da sua anatomia, só que com diferente cheiro, palpitavam por coisas como:
Bros
Parece um poster de propaganda e recrutamento da juventude hitleriana para as Waffen-SS, mas não é. São só dois irmãos louros que cantam. E um outro tipo qualquer. Melhor que isso, aos olhos das hormonais meninas de calças Uniform e polos da Benetton, só o Tom Cruise e o Val Kilmer a jogar voleibol em tronco nu no Top Gun. Se a memória não me atraiçoa, chamavam-se Luke, Bo e Daisy ( o nome mais gay de sempre do mundo da música ). Mas posso estar a fazer confusão com Os Três Duques.
New Kids on the Block

Esta... vamos chamar-lhe banda, que, julgando pela fotografia, parece ser composta por um tipo que não defeca há 15 dias, pelo Rainman, por outro que parece horrorizado por fazer parte dos NKotB, por um jogador de basquete e pelo irmão mais novo do Vanilla Ice. Estas coisas abriram caminho para toda uma miríade de agrupamentos de indivíduos sem particular talento como veículo de música (e uso este termo no seu sentido mais lato) genérica e vazia que tanto sucesso tem tido ao longo dos tempos junto do público histérico-pré-púbere-feminino. Se um dia uma dessas coisas a que chamam bandas musicarem frases como "Quero Morder-te As Mãos" a gente fala. Até lá cerrem os dentes e aguentem-se à bronca.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Dead Reckoning

Já enjoa essa histeria social dos ginásios, dos yogas, dos aldrabões do reiki, do ligth, do magro, do metrosexualismo, dos pilates e dos não-sei-que-mais -vai de retro satanás. Vamos ver se nos entendemos caralhe: não, eu não tenho de ir ao ginásio, e não, eu não quero ficar em forma. Eu não preciso de ficar em forma. Eu quero levar um estilo de vida sedentário, ter uma alimentação desregrada e ficar com o braço esquerdo dormente e sem fôlego só de pensar em correr. Se deus quisesse que eu percorresse grandes distâncias a pé ou subisse escadas não tinha criado os elevadores, os carros e os estagiários. E se deus não quisesse que eu entupisse as artérias de gordura não tinha feito os animais tão deliciosos e suculentos nem tinha inventado as calças de cintura elástica. Aliás, o meu plano é, ao longo dos próximos dez anos, alargar a minha taxa de ocupação de espaço para o triplo. E a propósito, que história é essa da obesidade agora ser considerada uma doença? "Estou doentinho..." Não, pá, tu estás é gordo que nem um texugo, e chamar-lhe doença ou epidemia não te iliba da responsabilidade. Parece-me algo injusto colocar um gordo e um paciente que sofra de lúpus no mesmo patamar, quanto mais não seja porque este não tem os cantos da boca sujos de chocolate. E depois ocupam camas de hospital e horas de bloco operatório para colocar bandas gástricas só porque não sabem dizer não a mais um pacote de Doritos. Sabem o que é uma doença? A malária é uma doença. A osteoporose é uma doença. Ser anafado, rechonchudo, "forte" ou ter "ossos largos" não é. Sim, eu sei, a obesidade mórbida isto, aquilo e aqueloutro. Mas sabem que mais? Aposto que não nasceram assim. Aposto que nenhuma mãe deu à luz um bebé com 18 quilos. Se os gordos que são gordos já não querem ser gordos então que façam dieta. "Ah, mas as dietas comigo não resultam, eu tenho um problema na tiróide." Tens um problema na tiróide, tens. Só se a tiróide é onde enfias as três bolas de berlim e os cinco pudins que mamas ao pequeno almoço. Sabem quem é que não sofre de obesidade? Quem não tem o que comer, por isso não me venham com desculpas. Comam alface e cenoura durante um mês e depois vejam se o elevador não deixa de apitar quando lá entram. Eu sei que custa largar os maus hábitos. Eu próprio ando há anos a tentar deixar o onanismo, mas nunca consegui. E não acham que isso me traz dissabores e embaraços? A mim e a quem pára ao meu lado no trânsito, que o meu carro não tem vidros fumados. Mas não é por isso que vou pedir que me ponham uma banda testicular. E, se pusesse uma banda era uma banda sonora, para que de cada vez que tivesse uma erecção se ouvisse o tema da Pantera Cor de Rosa. Isso sim, era tempo e dinheiro bem gasto.

quinta-feira, 3 de março de 2011

A Holy Terror

Carnaval. Não posso falar por vocemecês-que-só-querem-javardizeee, mas por mim, tirando o facto de ser feriado, não consigo encontrar nada de bom neste período. Na minha opinião, está para as festividades como os ovos mexidos com mioleira de porco para a culinária.´Entre sábado, e a próxima terça, os noticiários vão ser poluídos por reportagens de tudo quanto é desfile carnavalesco realizado em Ovar, Loulé, Torres Vedras, Loures e Madeira. E a depressão será inevitável, irreversível e severa.Quero com isto dizer que os meus olhos serão agraciados com Portuguesas e brasileiras série B, mostrando ao mundo os seus 95 quilos, a dançar em trajes menores como se estivessem no Rio. Só que não estão. E isso é um facto, inevitável, irreversível e severo. Não estão porque a temperatura não passará dos 10 graus. Não estão porque o nível de precipitação poderá ser elevado. Não estão porque é amplamente notório que ali há pneumonia à espreita. Daquelas fortinhas, garantido às meninas uma longa estada numa qualquer unidade hospitalar. Vendo a situação pelo lado positivo, pode ser que emagreçam.Como se este panorama não fosse suficientemente assustador, as imagens das mulheres à beira de entrarem de um ataque de hipotermia, serão intercaladas por foliões portugueses vestidos de mulher.
Terrível...
Não dá para compreender a paixão desses homens por se mascararem de elementos do sexo feminino. Pequena mala na mão, ao bom estilo da Rainha Isabel II de Inglaterra. Salto alto, obviamente. Muito maquilhagem. E com barba por fazer e muito pêlo na perna, como se quisessem afirmar: "Atenção... somos muito machos! Só estamos aqui para nos divertir. É Carnaval!!". Pois. Claro. Naturalmente, ok.. Deve haver uma explicação, mas prefiro não pensar muito nisso para não ficar ainda mais horrorizado. Como cereja no topo do bolo, terei de lidar com as manifestações de criancinhas mascaradas. Uma verdadeira invasão de clones e mais clones de figuras como o Homem-Aranha... D'Artagnan... Bob, o Construtor... Noddy... Zorro... Bela Adormecida... Fada. Clones que, para orgulho dos respectivos progenitores-babados, envergarão fatinhos chinêses compostos por tecidos 100% poliéster. Daqueles que reflectem a luz mesmo quando a escuridão é total. Daqueles que trazem imediatamente à cabeça a frase: "Ui!! Ali há alergia à espreita!". E sim... detesto samba. Maça-me até à medula. Portanto, é comer e calar. Aguentar e esperar que passe. Não há volta a dar à situação. Não consigo arranjar uma única razão para a existência do Carnaval.Mesmo sendo feriado. Preferia trabalhar, e quem me conhece bem, sabe o desgosto que me dá fazer esta afirmação.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Men Are Such Fools

Ao longo de toda a minha vida, já gastei muito dinheiro mal gasto, como com pares de ténis de marca Rhodes, casinos online e jantares com bulímicas.
Mas acho que não me arrependo tanto de nada como disto:


Sim, eu paguei para ver isto. E no cinema, à vista de toda a gente. Mais idiota é se pensarmos que nos dois primeiros, se tratam de sequelas de filmes cujos episódios anteriores eu não tinha visto. Em relação aos dois primeiros, e em minha defesa tenho o facto de na altura ter o pensamento toldado pelo acne juvenil e de não ter sido minha a ideia de ver estas fantásticas obras cinematográficas.
O último, foi por ignorância, enganado pelo elenco, realizador etc, sim porque da última vez eu...eu...Pff... quem é que eu quero enganar? Não há desculpa possível para isto.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Angels With Dirty Faces

Se é verdade-verdadinha que nunca foi o meu sonho de criança exercer a profissão que tenho hoje, também é verdade-verdadinha que há escolhas bem mais estranhas que a minha. Por exemplo, o que é que leva um gaijo a enveredar pela carreira de traficante de órgãos humanos? O pagamento se calhar até é bom ( não sei quanto é que estará a valer um rim no mercado negro, mas deve ser uma maquia respeitável ) mas em termos de realização profissional deve deixar algo a desejar. Não devem ter seguro de saúde, 13º mês, férias e o stress deve ser bastante. E não me parece que seja um bom tópico de conversa nas festas, entre uma e outra mini. - O que é que você faz na vida? - Trafico órgãos humanos. - Desculpa?... - Sim, Trafico órgãos humanos. A minha amiga Solange que é prostituta atrai os homens para um quarto de hotel e põe-nos inconscientes com uma marretada nos cornos, depois, eu abro-os como se fossem porcos em dia de matança, saco-lhes uns orgãos e deixo-os numa poça de  sangue, com um penso rápido, um chocolatinho de leite e um cartão insultuoso. Adoro esta música... a menina dança?
Neste registo deve ser muito difícil convencer alguém a ir para a cama, porque elas nunca sabem quando é que vão acordar dentro de uma banheira cheia de gelo ou, muito simplesmente, abrir o frigorífico e encontrar um tupperware com um fígado lá dentro ao lado do frasco da maionese.É que, ao contrário desta, há muitas outras actividades ilegais com bastante mais glamour, como ladrão de jóias ou de obras d'arte. As mulheres pensam logo num Arsène Lupin, no  Pierce Brosnan ou no Sean Connery, perigo e emoção,  já é meio caminhinho andado. E deixem-me dizer, desde já, que se alguma dessas redes de tráfico de órgãos alguma vez me quiser roubar alguma coisa, basta aliciarem-me com comida. Não são precisas mulheres fatais, apenas um eclair ou uma sandes de coiratos e/ou torresmos.
-Ó sócio, anda ali atrás àquele barracão escuro connosco.
-Nããã... Eu não vos conheço de lado nenhum e vocês, com essas batas todas ensanguentadas e esses bisturis, têm um ar muito suspeito se quer que lhe diga.
-Mas temos lá bolos quantos queiras.
-Ah, atão tá bem.
A sério, sejam amigos do amigo, não mandem uma jovem para me seduzir. Já basta ficar sem um órgão vital, não é preciso destruirem-me a auto estima também. Sim, porque o meu primeiro pensamento numa situação dessas seria «Homéssas, a minha performance foi assim tão má que ela sentiu necessidade de me esventrar?». Não é que nunca me tenha acontecido, mas é sempre chato, e fico chateado pois com certeza que fico.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

The Petrified Forest

Numeração romana? Ainda precisamos de numerar merdas com letras? Segundo me garante um amigo meu, que tem livros em casa e tudo, o grandioso Império Romano é coisa que desapareceu há para aí 15 séculos, e ninguém me tira da cabeça que a sua queda em parte se deve ao facto de não terem 0 ( zero ). A sério, devia dar com eles em doidos. Como é que tomavam nota do resultado de um jogo entre a Naval e o Moreirense? Temos letras para escrever? -Yes. Temos algarismos para fazer números e contas e assim? -Yes Sir. Então para quê misturar? Faz tanto sentido como tentar fazer windsurf com um bulldozer. para que serve então a numeração romana? Para os putos saberem em que ano foram feitos os filmes? É que, para mim, só tem servido mesmo para isso. Não acham que já era tempo de ensinarem coisas mais úteis nas escolas? Ou a habilidade de ler e escrever numeração romana é algo digno de figurar num currículo? Se sim, com que saída profissional? Afixador de datas em estátuas? Já ensinar carpintaria ou canalização aos putos é grupo. Porque hoje em dia queremos é que os meninos sejam todos gordos doutores, para passarem os dias sentados atrás de um computador, a boca suja de chicolate e os dedos gordurosos das hamburgas, a bater incessantemente nas teclas, enquanto se insultam mutuamente nas internetes e navegam pelo KeezMovies e por infindáveis feicebúks e aifaives em busca de material para fins onanistas. Peçam lá a um miúdo qualquer que tenham lá por casa, para vos coser um par de ténis e depois vejam bem a cagada mal enjorcada que vos passam para as mãos. Queixem-se que perdemos postos de trabalho para a Malásia, queixem. Doutores descalços, é o que vamos ter.Veja lá isso Sra. Ministra. isabel Alçada...Até o Chico de "Uma Aventura" que nos anos 80 era o gaijo mais duro desse grupo de investigadores aborrescentes - ou adolescentes, como preferirem - agora, é um Morangos-com-açucar de meter nojo às baratas!

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Highway to Heaven

Sou um anjo. Eu sei, eu sei, na verdade estou tão surpreendido como vocês. E não estou a falar do "és um anjo" insincero e monocórdico que as meus colegas de trabalho atiram uma ou outra vez quando têm a sorte de serem banhados na luz, glória e magificência da minha presença profissional. Não. Um anjo a sério, com asas e isso. Pelo menos é a única explicação que encontro para, volta não volta, encontrar penas no chão do quarto. Chego, assim, à conclusão que o meu destino é percorrer a terra em busca de males que precisem ser remediados e injustiças que necessitem ser corrigidas. Por isso vou ser uma espécie de Michael Landon, mas mais dedicado a causas que envolvam grandes negócios e muito dinheiro, porque pá, sou anjo mas não sou parvo.
"Mas ouve lá caralhe", dizem vocês, recorrendo a uma familiaridade no trato de quem julga que está a falar com os putos lá da rua, "isso não será porque deixas as portas da varanda abertas e as penas dos pombos entram com a corrente de ar?"- "Não", respondo eu, "isso é estúpido."

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Thank Your Lucky Stars

Sabem o que é que eu nunca tive de fazer em toda a minha vidinha adulta? Calcular o seno, co-seno ou tangente do que quer que fosse. precisar do valor de PI (π),  E raízes quadradas? Nem uma. Aliás, quem é que alguma vez na vida precisou de calcular uma raíz quadrada? Ninguém. Ninguém, em toda a história da humanidade, do primeiro australopiteco de há milhões de anos atrás até ao último deles - que é o meu vizinho de cima que se põe a arrastar mobília e a fechar estores às quatro da manhã - alguma vez precisou calcular uma raíz quadrada. E a data da conquista de Ceuta? Quem é que, para além do Professor José Hermano Saraiva, precisa de saber a data da conquista de Ceuta?
Então, com tanta coisa que se ensina nas escolas sem qualquer aplicação prática na vida real, porque é que ainda se discute a validade da Educação Sexual? Não será algo com aplicação prática para todos, salvo raras excepções, mais tarde ou mais cedo?
Lembro-me de uma vez ver numa reportagem uma adolescente, que dizia não ter medo de DSTs porque tomava a pílula. Ainda que eu partilhe do conceito de que os filhos são um tipo de doença sexualmente transmissível, dando origem a um virus ou  parasita da qual alguém pode levar décadas a livrar-se - como, aliás, os meus pais podem atestar - quer parecer-me que à jovem em questão, a estavam a iludir uma ou duas coisas, coisas essas cujas consequências podem ir de uma simples borbulhagem a um incoveniente falecimento.
E quando me refiro a Educação Sexual, não estou apenas e só a falar de palavreado politicamente correcto que redunde em "os meninos têm pilinha e as meninas têm pipi". Urge preparar os jovens para que quando chegar a hora "H", não fiquem confusos ou assustados, porque, sejamos honestos, aquilo ao início é como tentar montar (trocadilho não intencional) uma estante da IKEA: não se percebe muito bem o que é que encaixa onde nem como, não compreendemos as instruções, as pessoas magoam-se, há sangue, sai tudo mal e no fim são precisos pensos e, eventualmente, uma ida às urgências.
Que inconveniente há, então, em esclarecer os jovens que sim, a gravidez pode acontecer logo à primeira e transmitir-lhes algumas regras básicas de conduta e higiene interpessoal? Nenhum, parece-me. E que inconveniente há em esclarecer as jovens de idade legal que o meu amigo Wilson está disponível para sessões de esclarecimento ? Também estou certo que nenhum. ( café não incluído )
- Não tens que agradecer! Bros before hoes man!

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Racket Busters

Passar um serão em casa pode ser algo agradável, com a família reunida para jantar e depois jogar Scrabble, Monopólio ou Petroleiros. Talvez até Mikado, se ninguém sofrer de Parkinson. Ou então aninhado à pessoa amada em frente à lareira, sussurando doces palavras, o calor do fogo lambendo-nos a face e saboreando um bom vinho. Não que eu saiba o que isso é, porque não tenho lareira.  Nem bom vinho. Tenho é sumo de frutos tropicais, não porque goste particularmente dessa variedade mas porque da última vez que fui ao supermercado me distraí e peguei na embalagem errada em vez da de laranja porque são muito parecidas e eu estava mais preocupado em escolher uma marca de água com gás para fazer mojitos em casa, coisa que também não fui capaz de fazer porque estava a olhar de soslaio para as garrafas de rum e acabei por trazer água tónica. A propósito, já beberam mojitos com água tónica? Não? Então experimentem. Ou então agrafem coisas ao céu da boca que tenho a certeza que vai dar ao mesmo. Mas estou a divagar. O triste ponto onde queria chegar é que, para mim, um serão em casa é ficar a fazer zapping deitado no sofá até adormecer ( baba incluíndo ). Mas esta ainda não é a parte mais deprimente. Não, essa parte é aquela em que eu, inadvertidamente, passo pela MTV - em tempos o M de MTV era de Music mas hoje em dia acho que tem um significado mais escatológico - e dou com um programa chamado A Double Shot At Love, em que duas raparigas, gémeas bissexuais e com muito amor para dar, procuram a sua alma gémea entre um grupo de candidatos de ambos os géneros decerto portadores de um rico sortido de herpes e hepatites de A a Z, porque, sejamos francos, não há melhor maneira de encontrar aquela pessoa especial, a tal que nos completa, do que num programa de televisão que promove as doenças mentais e a promiscuidade. Seja como for, apanhei esta novela da vida real precisamente quando um jovem com ar de quem teve de repetir a primeira classe mais que uma vez apresenta à sua família as senhoritas por quem se está a apaixonar loucamente - porque o amor é como as cerejas, vem aos pares. A páginas tantas a mãe ou o pai, ou qualquer outro familiar que tenha contribuido para aquilo que é com certeza resultado de consanguinidade selvagem, a prova viva que os primos direitos não devem foder, faz questão de referir que ele está muito mais calmo, maduro e pronto para assentar. E é aqui que a Júlia Pinheiro que há em mim se passa e desata aos gritos. Portanto... a avantesma que ali está chega a casa com duas gaijas com ar e roupa de strippers, com tantos piercings na cara que tenho a certeza que conseguem apanhar a BBC nos dias de céu limpo, abanando-se como strippers e, regra geral, comportando-se como strippers e isso é sinal de que está pronto para assentar arraial e formar família?  A sério MTV, se estiverem a ler isto - e eu sei que estão - façam um favor à humanidade em geral e dediquem-se a formar um culto daqueles que cometem suicídio em massa. Mas, se não se importam, passem já à parte do suicídio. É que só de saber que há ondas hertzianas a flutuar por aí com o vosso lixo dá-me náuseas. Vão lá que eu espero.
Tenho a certeza que MTV quer dizer Mentes Todas Vodidas

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Reflections in a golden eye

-Pá , de maneiras que, no vôo de regresso de Nova York, no domingo, dei de caras com o Sean Connery na fila para o WC. Ainda tentei disfarçar, mas percebi que ele me tinha reconhecido e que me vinha dar um abraço e pedir um autografo pra neta. Felizmente o urso polar interrompeu-o, que eu não estava com paciência para falar com ele.
-O urso polar?
-Sim, um urso polar que estava a ser transportado para o zoológico soltou-se e invadiu a cabine e começou a estraçalhar hospedeiras e passageiros. Era só sangue, malas e membros desfeitos a voar em todas as direcções. Como ninguém fazia nada que não fosse gritar, queixar-se e sangrar, cheguei-me eu à frente e mandei-lhe um sopapo no focinho. Ao princípio ficou atarantado mas depois começou a grunhir, por isso desatamos ao soco e à patada até que o apanhei numa espectacular chave de braço e o sufoquei até ele perder os sentidos. Nisto o terrorista levanta-se e grita qualquer coisa sobre a Torre Eiffel ou Napoleão ou lá o que era.
-Terrorista?
-Iá terrorista. Queria desviar o avião para Toulouse ou Toulon, não me lembro, porque a tia o tinha excluído das partilhas e dizia que a vinha e o Château era dele e não dos primos. Aproximei-me dele devagarinho e pedi-lhe que não se enervasse e que tinha um croissant no bolso e que lho dava se me deixasse ser amigo dele. Ele acreditou-se e assim que me aproximei o suficiente, dei-lhe um roundhouse kick na testa e as pessoas começaram todas a aplaudir e erguer-me em ombros e as mulheres todas a dizer que eu devia ser incrívelmente competente e que era um orgasmo com pernas e que queriam ter herdeiros meus. Palavras delas. Foi quando o avião começou a cair porque o piloto e o co-piloto tiveram um ataque cardíaco.
-O pil... e o co-piloto? os dois?
-Sim Tiverem os dois ataques cardíacos, mais um assistente de bordo e uma velhota. Diz que é contagioso em ambientes muito apertados. Também não sabia, mas foi um médico meu amigo que me explicou. O coração humano é tipo as ditaduras nos países islâmicos, quando cai um, os outros também querem cair. E quando perguntaram se alguém sabia pilotar um avião toda a gente olhou para mim. Até o Sarcozy me telefonou a pedir que o fizesse e a dizer que «ah, je te donne une voltinhe dans Carla Bruni aprés, et ça» e eu acedi apesar de estar um bocadinho cansado por ter passado a noite anterior com a selecção feminina sueca de Volei. Tinha fotografias para vos mostrar de umas posições novas que inventei e tudo, mas a máquina partiu-se. Acho que foi quando matei o urso polar.
-Tão ma o urso polar não tinha ficado inconsciente?
-Não... esse foi o urso polar, este era outro, quando ainda estava no aeroporto. Entrou lá de repente e como já tinha um bebé na boca tive que o matar com um golpe de karatésta. Ao urso, porque o bebé fui eu que o ajudei a nascer enquanto fazia o check in, porque rebentaram as águas à senhora atrás de mim e como estavam todos a entrar em pânico fiz eu de parteiro apesar de ter sapatos de camurça que ficaram totalmente arruinados. A senhora até disse que a partir de agora todos os bebés da família dela vão ter o meu nome, mesmo que sejam raparigas. Não vos tinha contado esta parte? Mas pronto, lá fui eu para os comandos do avião. Como tive o X-Wing para Spectrum e tenho uma coordenação motora de nível olímpico e nervos de aço, aquilo até foi fácil. Como o trem de aterragem não funcionava aterrei de barriga no jardim da Gulbenkian, liguei os quatro piscas e vim-me embora. As pessoas todas queriam que eu ficasse para me darem medalhas e lingotes de ouro e isso, mas eu queria ir para casa para ver o jogo do Porto. E o vosso fim de semana como foi?

PS : Acho que os meus colegas começam a desconfiar bastante, que eu invento as histórias que conto sobre a forma como passo os meus fins de semana, mas narrativas sobre o tempo que passo deitado no sofá a ler Dostoiévski, e a recolher o cotão do umbigo não me parecem muito interessantes...

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Guys And Dolls

-Tinha acabado de estacionar o meu carro quando vejo, ao fundo do parque de estacionamento, o gang das lambrettas a incomodar uma indefesa colegial.
-Gang das lambrettas?
-Sim, é uma espécie de Hell's Angels mas em pior. Gordos, barbudos e a cheirar a chulé, o tipo de indivíduos que assedia velhinhas e pontapeia cachorrinhos. Vocês estão a ver o género. Claro que fui lá socorrer a moça. Eles começaram logo «ah, vai-te mas é embora ó tipo desconhecido extremamente bem parecido, que apesar de se notar que és claramente um espécimen a todos os níveis superior, não és páreo para o gang das lambrettas.»"
-E tu?
-Eu ri-me. Ri-me e disse-lhes «deixem em paz essa jovem colegial de saia às pregas senão eu aborreço-me a sério. E vocês não me querem ver aborrecido a sério, gang das lambrettas.»
-E eles?
-Eles até estremeceram nas botas, mas o chefe deles, que se chamava Zé Miguel...
-Zé Miguel? O chefe do gang das lambrettas chamava-se Zé Miguel?
-Sim, Zé Miguel ou Zé Manel, não me recordo agora. Mas pronto, o chefe deles rosnou que eu devia ir-me embora porque senão o ninja das lambrettas deles batia-me.
-Havia um ninja das lambrettas?! No gang das lambrettas?
-Sim, um tipo magrinho, tão magrinho que nem o tinha visto entre os outros gordos, todo de preto, vestido à... à ninja, vá, mas com um capacete shoei debaixo do braço. Foi aí que eu comecei a ficar arreliado. «Pá caralhe», disse-lhe eu, «tu não te desgraces, sócio, que eu lixo-te a vidinha toda, já chinei drédes por cromos do Itália 90.» E sabem o que é que o tipo fez?
-O quê?
- Qu'isto e qu'aquilo e mandou-me com uma daquelas estrelas às pontas afiadas.
-Uma estrela ninja?
-Isso mesmo.
-E acertou-te?
-No ombro. «Ia bacano, o que tu foste fazer pá caralhe », disse eu assim já pró baixinho, que eu quando estou irritado falo mesmo muito baixinho. Saquei a estrela do ombro como se não fosse nada, atirei-a e acertei mesmo em cheio na testa do Zé Miguel. Pimba, três mortos logo de uma vez.
-Três?
-Sim três, atirei a estrela com tanta força que trespassou a testa do Zé Miguel, do que estava atrás dele e ainda se foi cravar no crânio de outro. Depois veio de lá o Cláudio...
-O Cláudio?
-Sim, o ninja das lambrettas com espadas e pistolas.
-Espadas e pistolas?
-Sim, espadas e pistolas.
-Mas quantas?
 -Bués, que o tipo era mesmo ninja, tipo daqueles de Shaolin mas cruzado com o Charlton Heston.
-E tu?
-Eu desviei-me das balas todas menos de uma, que parei com os dentes, e quando tive uma aberta aviei-lhe um soco na garganta e uma cabeçada no queixo. Ficou-se logo ali.
-E o resto do gang?
-Oh,puff, uns desmaiaram com o medo, outros fugiram.
-E a colegial?
-Está bem, quando saí de casa ainda estava a dormir.

E, mais coisa menos coisa, é isto que conto aos meus colegas quando me perguntam a origem do galo e do hematoma que hoje ostento na testa.

PS :  nunca andem às escuras numa casa que não conhecem bem, e seja com ou sem luz, não abram caminho com a testa tipo herois....

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

We Gotta Get Out of This Place

Sofro do tão falado stress pós-traumático - não consultei nenhum especialista na matéria mas acho que já vi episódios suficientes do Dr. House para conseguir fazer diagnósticos competentes. (A propósito, já alguém reparou que para acompanhar o risco do eyeliner da Olivia Wilde é preciso, literalmente, deslocar a cabeça de um lado para o outro como se estivéssemos na primeira fila do cinema a tentar ler as legendas? Não estou a dizer que ela exagera na pintura, mas aposto que gasta um lápis por olho de cada vez.) Mas onde é que eu ia?... Ah, stress pós-traumático.
Não combati no ultramar nem estive envolvido em nenhum acidente particularmente horrível, mas ontem, e amaldiçoo a hora em que me lembrei de tal coisa, deu-me para investigar o que era isso do chatroulette. Se não sabem do que se trata, o Sam explica-vos: é um site a que as pessoas se podem ligar e onde são aleatoriamente emparelhadas com outro utilizador com o qual podem conversar, mas com uma particularidade: todos têm webcam, permitindo-vos acenar, fazer caretas ou mostrar o interior da vossa casa a perfeitos estranhos enquanto eles vos falam do tempo que faz em Vladivostok, Moscovo, Pittsburgh ou Santiago do Chile. Se a conversa não vos interessar podem clicar num botão que, qual roleta, vos selecciona outro parceiro ao calhas, recomeçando toda a experiência.
"Bom, isso parece-me, na pior das hipóteses, aborrecido, mas nada de traumatizante", dizem vocês. Pois, mas lembram-se quando eu disse que toda a gente tem webcam? E onde há câmeras há o quê?... Exacto, pilas! Muitas pilas. Pilas atrás de pilas. Como eu descobri da pior maneira, há todo um mundo de indivíduos ansiosos por partilhar connosco as suas masturbações furiosas, quer nós queiramos quer não. Na verdade, ao entrarem no chatroulette a probabilidade de vos aparecer uma pila no ecrã é maior que... que... que a pila do John Holmes. (E, como efeito secundário, ficam incapazes de fazer analogias não relacionadas com pilas.)
Mas nem só de homens nus se faz o chatroulette. Também apanhei pelo caminho um par de seios fartos e aquilo que me pareceu ser uma ginasta poláca tentando fazer a esparregata mas sem roupa. Ironicamente ambas as ligações não duraram mais de uns meros segundos precisamente por eu não ter a pila de fora.
No entanto o rácio de masturbadores furiosos em relação a mulheres exibicionistas é avassaladoramente desequilibrado, o que quer dizer que ao optar por esta forma de passar o serão - ou o dia de trabalho - a probabilidade de um tipo com a pila na mão ficar subitamente a olhar para outro tipo com a pila na mão é elevadíssima. E depois? Como é que se sai desta situação? É sequer possível a um homem, em tempo algum, voltar a ter uma erecção depois de perceber que durante meio segundo se masturbou a olhar, ainda que inadvertidamente, para outro homem nu? Não sei, mas também não faço tenções de descobrir.
Ficam avisados, agora façam como entenderem. Mas eu cá não volto lá enquanto a minha firewall não filtrar pilas. Também vou organizar almoços convívios de veteranos traumatizados da internet, onde, com a voz embargada de emoção, brindaremos em memória às erecções perdidas :
-ÀS QUE LÁ FICARAM !!

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Uma Aventura no Ministério

Porque raio é que escolheram para ministra da educação uma gaija que escreveu livros nos quais, em mais de vinte anos, os protagonistas ainda não conseguiram passar o caralhe do ensino secundário? Ou pretendem consolidar as pastas da educação e da administração interna e pôr os estudantes a combater o crime organizado com recurso a apenas dois cães? Tou mesmo a ver : "Trabalho de grupo do segundo período do 9º 5ª: apanhar o estripador da Ribeira.". Pensando bem é capaz de ser uma grande ideia. Diminui-se a criminalidade e a sobrelotação das salas de aula, e criam-se postos de trabalho, essencialmente no Insituto de Medicina Legal e na área da remoção de sangue do asfalto.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Oh happy day

Ainda não descobri se a vizinha do andar de cima calça sapatos de salto alto mal sai da cama ou se tem um pónei em casa que todas as manhãs galopa da cozinha para o quarto e vice versa. Esta madrugada acho que ouvi relinchar, mas isso não quer dizer nada, porque se há as que, nos momentos de intimidade, imitam bezerros, as devotas religiosas que invocam o nome do Senhor e as que aproveitam para ler livros do Dan Brown, então também pode haver quem relinche...

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

The Wailing Wailers

Já ando nesta coisa da net há muitos anos. Há mais tempo que muitos que praí andam. Não quero parecer convencido, mas já vi de tudo o que há para ver. Passei boa parte do ano de 1998 a queimar literalmente as retinas a ver minúsculas fotos da Jenna Jameson e da Chasey Lain, assim como o famoso filme do Tomás Taveira e as férias da Pamela Anderson, num monitor de quinze polegadas cujas radiações dariam para descongelar um frango em dez minutos. Já vi um homem com o pénis na boca de um peixe - não perguntem - e já vi mulheres introduzindo dentro de si uma vasta gama de electrodomésticos, mobiliário e objectos avulsos, desde pinos de bólingue a cones de sinalização rodoviária e maçanetas de portas.
Tenho gaijos que me enchem a inbox quase diariamente com e-mails cheios de fotografias de jovens de cabelo oxigenado escachadas à beira de uma piscina ou em cima de um carro impecavelmente encerado, ou com vídeos de trinta segundos de casais - às vezes trios, outras vezes equipas de futebol e corporações de bombeiros - expressando carnalmente o seu amor, que apago sem sequer abrir.
Já me foram apresentadas vantajosas propostas financeiras por príncipes nigerianos e banqueiros sul-africanos, generais da Somália. Já me foi sugerido, não obstante o exagero em que isso redundaria, o aumento de tamanho do meu orgão sexual. E levando em conta a quantidade de correntes que quebrei ao não as enviar para sete, dez ou mais amigos, o simples facto de ainda estar vivo não é nada menos que um milagre. Escapei às seringas infectadas com SIDA que deixavam nos bancos dos cinemas. Escapei aos gaijos que ofereciam amostras de perfume nos parques de estacionamento dos shoppings para me assaltarem. Escapei ao "Bug do ano 2000" em que tudo ia deixar de funcionar e o mundo ia cair nas trevas, no caos e na destruição. À pala disso ainda tenho na cave lá de casa 400 latas de ananás, 10.000 lt de água engarrafada, 500 kg de arroz extra longo. 
Tenho guardado em casa 2 toneladas de talões de multibanco, para que não me roubem os dados e me desfalquem a conta bancária. Já passei por tudo.
Aquele vídeo do senhor que se suicida numa esquadra? Vi-o com um bocejo. Two Girls And One Cup? Vi-o a comer bolo de chocolate e depois ainda repeti. Snuff, pornografia alemã e japonesa, russa e da mongólia, sado-maso, piercings genitais, vídeos dos martires de Al-Aqsa a degolarem soldados e prospectores de petróleo americanos, e vídeos dos Delfins, todos os horrores do mundo já me passaram pela vista. Pensei que já nada na rede global me podia surpreender.

Isto é, até ontem, porque aparentemente, algures na internet há um buraco no contínuo espaço-tempo que fez com que eu recebesse um e-mail de há dez anos atrás - aquele que diz que a Microsoft e a AOL estão a dar dinheiro por cada reenvio que façamos! Bom, ou isso ou ainda há alguém que acredita nisso e, convenhamos, a primeira hipótese parece-me bem mais verosímel. Ainda por cima, vi lá endereços de e-mails de gente que pertence aos quadros de grandes bancos, seguradoras e instituições do governo, aparentemente deviam ter mais juizinho. Ou se calhar não, e tudo isto explica muita coisa.

Bom fim de semana!!

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Momento nostálgico-imbecil da semana." O soro da Rua"

Eu sou de um tempo mais simples, mais puro.
Eu sou do tempo em que a coisa mais parecida que tínhamos com uma Oreo era quando espremíamos um naco de manteiga ou tulicréme entre duas bolachas Maria. Telefonar para um amigo implicava dar ao disco do telefone - que fazia crrrt-cat-cat-cat-cat - e o equivalente a um sms era deixar recado com a mãe dele. Só se telefonava a alguém quando tinha mesmo de ser - e rápido - não havia conversa fiada.
Eu sou do tempo em que dar um murro em algo era um método perfeitamente legítimo de reparação. A velha Blaupunkt a preto e branco não funciona? Dá-se-lhe uma marretada de lado e fica como nova. O transístor só apanha ruído branco? Dá-se com ele na mesa meia dúzia de vezes e é como se os Parodiantes de Lisboa estivessem ao nosso lado.Num acesso de fúria dá-se um tabefe ao portátil e fica-se sem o magenta, e qualquer aberração alguma vez pensada torna-se realidade, como a cerveja sem álcool e os hambúrgueres de soja. Pais preocupados protegem as esquinas da mesa para que as suas crianças não abram lá um sobrolho e trancam as portas dos armários para que não bebam o detergente da louça, garantindo assim que toda uma geração de mariquinhas cresça para nos governar no futuro, sim, porque nós somos a geração x "rasca" não vamos governar nunca.
Vinhamos da escola "à la pata" e à pedrada uns aos outros. Fizesse chuva ou Sol. Hoje não, basta ir a uma escola qualquer e observar o pandemónio que é de carros! Vemos madames com grandes óculos de sol, montadas nos seus enormes veículos com tracção nas 4 rodas para andar na cidade, irem buscar os putos à porta da escola. No verão bazávamos de casa de bicicleta depois do almoço e só voltavamos ao anoitecer, ninguém ligava. Ninguém se preocupava.
 Tinhamos 10 anos e nem ligavamos. Sim, porque hoje, os putos são muito mais velhos. O mercurocromo nos joelhos todos esfolados eram as nossas medalhas. Eramos do Club Mickey, mas no tempo em que a Disney não se afiambrava ao porta moedas de milhões de pobres. Os sonhos e a fantasia eram " à la borliú". O Jornal de Notícias organizava os concursos de castelos de areia no verão, que ganhavamos e era uma alegria. Agora o JN é amigo do vaticano, da frente nacional e de lúcifer.
Quem não sabia não passava. Ninguém estava cá ralado se a nossa autoestima ficava magoada. Não havia nem doutores de Bolonha nem mestrados a saldos de inverno, o ensino não era mercenário. Se queriamos uma nova oportunidade, fechávamos o portão da fazenda do sinhôzinho Mauta e íamos estudar à noite. O único Bolonhês que conhecíamos era o Afonso III. Os mercenários eram os piratas que tanto ganhavam como perdiam. Hoje, vivemos num mundo em que tudo tem um preço e nada tem valor.

O mercurocromo nos joelhos todos esfolados eram as nossas medalhas...era o soro da rua!
Às vezes tenho saudades desse tempo. E do magenta do portátil que desapareceu.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Over my cold, dead body

Ontem esteve no escritório um senhor que veio fazer a apresentação do serviço de música ambiente fornecido pela sua empresa. E tive de atendê-lo. Porquê eu? Porque aquilo funciona com uma box na qual são armazenadas milhares de músicas em formato mp3, e o pessoal aqui, quando ouve duas consoantes acopladas a um número chamam o tipo que carrega em botões. "Mas isso é um iPod", dizem vocês. É, mais ou menos, mas a única diferença entre o artigo e o vosso iPod é que as músicas não são pirateadas.
Mas adiante.
O que me chocou foi o facto de entre a sua carteira de clientes, que o dito senhor exibe orgulhosamente, se encontrar as lojas Bershka, o que quer dizer que aquela música que eles passam e que se faz ouvir num raio de cem metros é pensada, planeada e colocada a tocar de propósito! E eu que pensava que essas lojas, assim como os Centros Comerciais e os hiper mercados, tinham um DJ nas traseiras, que passava música pra malta.
RECUSEI ENFATICAMENTE !
-Fazer negócio com indonésios? Por mim tuuuudo bem.
-Comprar roupa feita na Malásia por criancinhas? Com certeza, que eu aprecio o odor a trabalho infantil.
-Contribuir conscientemente para o efeito de estufa? Claro que a Islândia ficava gira era debaixo de água, e já agora com a Björk também. O aquecimento global é a solução.
Mas música da Bershka?
Desculpem lá...Mas esse é o meu limite.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Somebody Up There Likes Me

Hoje fiz-me um homem.

Não amigos, não me escanhoei pela primeira vez - embora muitas vezes pareça ser esse o caso, ao julgar pela quantidade de cortes que ainda consigo infligir a mim próprio, cortesia dos olhos semicerrados pelo sono quando me barbeio - nem tampouco fui iniciado nos prazeres da carne por uma matrona de face rosada e hálito a bagaço e SG Gigante. 
Não, também não deitei abaixo uma garrafa de tinto Dão a martelo nem andei à porrada com o Zé do talho, que faz musculação com presuntos de Chaves, tem mãos do tamanho de pás e, reza a lenda, consegue rasgar a lista telefónica do Luxemburgo d'uma só vez.
Hoje fiz-me um homem porque saquei o meu primeiro pião. Meio pião, vá lá. Quase sem dar por isso, fazendo a mesma curva que faço todos os dias, vi-me atravessado na estrada, mas instintivamente tomei as rédeas da besta e coloquei-a de novo no seu devido caminho, sempre sem desmanchar as minhas calmas feições esculpidas a testosterona e o meu sorriso n.º 6, que é o meu sorriso mais cool, ao mesmo tempo que gritava AAAQUELA-MÁ-QUI-NAAAA!! De imediato senti cabelos a crescer-me no peito, a voz a engrosssar e uma súbita pressão no baixo ventre.
Sim, hoje tornei-me num Steve McQueen assim a modos que pró rural. Podem chamar-me daqui pra frente de Bullitt. Sam Bullitt.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

I'll see you on the dark side of the moon

Sempre que vejo um desses programas de cantores amadores, sejam eles idiótolos, mirins, séniores ou pensionistas, penso na morte e no seu frio e doce abraço - tão frio quanto o duche que tive de tomar o outro dia dia manhã por não ter gás - e no sorriso de alívio que o meu cadáver teria estampado por me ter sido ceifada a vida em tão oportuno momento. Isto até começar a actuação do José Malhoa, que os meus pais se encarregariam de contratar para cantar no meu velório, um último "fuck you bastard" como resposta ao meu desabafo "assim que puder ponho-vos num lar" que murmurei naquela noite de natal em que em vez de desembrulhar o barco pirata da Playmobil me saiu uma camisola de gola alta que me fazia comichão no pescoço.
E, para evitar isso mesmo, pensei que deveria desde já deixar aqui expressos os meus três desejos para esse momento da minha não-vida:
1. Serão contratadas carpideiras que deverão chorar copiosamente ajoelhadas junto ao meu caixão, gritando coisas bastante específicas, como:
- Ele era muito bom a jogar International Soccer no seu ( igualmente falecido ) Timex 2048;
- As suas observações sobre o existencialismo de Kirkegaard eram simultâneamente espirituosas e iluminadas;
- Ele era um amante tão espectacular;
- Ele fazia um bacalhau à Zé do Pipo extremamente agradável.
2. Deverão encher os bolsos do meu fato com fogos de artifício. Assim quando me atirarem para o crematório as pessoas cá fora poderão apreciar todo um espectáculo de luz e cor.
3. As minhas cinzas deverão ser espalhadas sobre uma mesa de vidro e, com um cartão de crédito, divididas em linhas que todos deverão aspirar. Vão por mim, eu dou uma moca do caraças.
Lá vos espero...

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

The Perfect Storm

Como anda o nosso Sistema Nacional de Saúde!! Ontem fui ao médico, não pude deixar de reparar que o gaijo tinha uma daquelas famosas pulseiras do equilíbrio. E se, por um lado, pouco me importa quão crédulas ( leia-se, estúpidas ) as outras pessoas são, por outro há dois tipos de pessoas que eu não quero ver a usar isso: profissionais do ramo da saúde e pilotos de avião - e isto porque prefiro pôr a minha vida nas mãos de pessoas que não acreditem que uma pulseirinha de borracha com um kalkito estampado lhes alinham os chakras, em magia em geral ou na força do pensamento positivo. Quem acredita nessas merdas, também acredita que nossa senhora apareceu em cima de um chaparro, ou que é o pai natal que trás as prendinhas. Que tipo de medicina é que podemos esperar dali caralhe?? "Ora para esse cancrozito maroto que você aí tem vou-lhe receitar uns cristais para pendurar por cima da cama, e vai meditar três vezes ao dia, antes das refeições, está bem? Daqui a seis meses, se ainda estiver vivo, passe por cá outra vez." Dásss, nunca mais lá volto.