segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Angels With Dirty Faces

Se é verdade-verdadinha que nunca foi o meu sonho de criança exercer a profissão que tenho hoje, também é verdade-verdadinha que há escolhas bem mais estranhas que a minha. Por exemplo, o que é que leva um gaijo a enveredar pela carreira de traficante de órgãos humanos? O pagamento se calhar até é bom ( não sei quanto é que estará a valer um rim no mercado negro, mas deve ser uma maquia respeitável ) mas em termos de realização profissional deve deixar algo a desejar. Não devem ter seguro de saúde, 13º mês, férias e o stress deve ser bastante. E não me parece que seja um bom tópico de conversa nas festas, entre uma e outra mini. - O que é que você faz na vida? - Trafico órgãos humanos. - Desculpa?... - Sim, Trafico órgãos humanos. A minha amiga Solange que é prostituta atrai os homens para um quarto de hotel e põe-nos inconscientes com uma marretada nos cornos, depois, eu abro-os como se fossem porcos em dia de matança, saco-lhes uns orgãos e deixo-os numa poça de  sangue, com um penso rápido, um chocolatinho de leite e um cartão insultuoso. Adoro esta música... a menina dança?
Neste registo deve ser muito difícil convencer alguém a ir para a cama, porque elas nunca sabem quando é que vão acordar dentro de uma banheira cheia de gelo ou, muito simplesmente, abrir o frigorífico e encontrar um tupperware com um fígado lá dentro ao lado do frasco da maionese.É que, ao contrário desta, há muitas outras actividades ilegais com bastante mais glamour, como ladrão de jóias ou de obras d'arte. As mulheres pensam logo num Arsène Lupin, no  Pierce Brosnan ou no Sean Connery, perigo e emoção,  já é meio caminhinho andado. E deixem-me dizer, desde já, que se alguma dessas redes de tráfico de órgãos alguma vez me quiser roubar alguma coisa, basta aliciarem-me com comida. Não são precisas mulheres fatais, apenas um eclair ou uma sandes de coiratos e/ou torresmos.
-Ó sócio, anda ali atrás àquele barracão escuro connosco.
-Nããã... Eu não vos conheço de lado nenhum e vocês, com essas batas todas ensanguentadas e esses bisturis, têm um ar muito suspeito se quer que lhe diga.
-Mas temos lá bolos quantos queiras.
-Ah, atão tá bem.
A sério, sejam amigos do amigo, não mandem uma jovem para me seduzir. Já basta ficar sem um órgão vital, não é preciso destruirem-me a auto estima também. Sim, porque o meu primeiro pensamento numa situação dessas seria «Homéssas, a minha performance foi assim tão má que ela sentiu necessidade de me esventrar?». Não é que nunca me tenha acontecido, mas é sempre chato, e fico chateado pois com certeza que fico.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

The Petrified Forest

Numeração romana? Ainda precisamos de numerar merdas com letras? Segundo me garante um amigo meu, que tem livros em casa e tudo, o grandioso Império Romano é coisa que desapareceu há para aí 15 séculos, e ninguém me tira da cabeça que a sua queda em parte se deve ao facto de não terem 0 ( zero ). A sério, devia dar com eles em doidos. Como é que tomavam nota do resultado de um jogo entre a Naval e o Moreirense? Temos letras para escrever? -Yes. Temos algarismos para fazer números e contas e assim? -Yes Sir. Então para quê misturar? Faz tanto sentido como tentar fazer windsurf com um bulldozer. para que serve então a numeração romana? Para os putos saberem em que ano foram feitos os filmes? É que, para mim, só tem servido mesmo para isso. Não acham que já era tempo de ensinarem coisas mais úteis nas escolas? Ou a habilidade de ler e escrever numeração romana é algo digno de figurar num currículo? Se sim, com que saída profissional? Afixador de datas em estátuas? Já ensinar carpintaria ou canalização aos putos é grupo. Porque hoje em dia queremos é que os meninos sejam todos gordos doutores, para passarem os dias sentados atrás de um computador, a boca suja de chicolate e os dedos gordurosos das hamburgas, a bater incessantemente nas teclas, enquanto se insultam mutuamente nas internetes e navegam pelo KeezMovies e por infindáveis feicebúks e aifaives em busca de material para fins onanistas. Peçam lá a um miúdo qualquer que tenham lá por casa, para vos coser um par de ténis e depois vejam bem a cagada mal enjorcada que vos passam para as mãos. Queixem-se que perdemos postos de trabalho para a Malásia, queixem. Doutores descalços, é o que vamos ter.Veja lá isso Sra. Ministra. isabel Alçada...Até o Chico de "Uma Aventura" que nos anos 80 era o gaijo mais duro desse grupo de investigadores aborrescentes - ou adolescentes, como preferirem - agora, é um Morangos-com-açucar de meter nojo às baratas!

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Highway to Heaven

Sou um anjo. Eu sei, eu sei, na verdade estou tão surpreendido como vocês. E não estou a falar do "és um anjo" insincero e monocórdico que as meus colegas de trabalho atiram uma ou outra vez quando têm a sorte de serem banhados na luz, glória e magificência da minha presença profissional. Não. Um anjo a sério, com asas e isso. Pelo menos é a única explicação que encontro para, volta não volta, encontrar penas no chão do quarto. Chego, assim, à conclusão que o meu destino é percorrer a terra em busca de males que precisem ser remediados e injustiças que necessitem ser corrigidas. Por isso vou ser uma espécie de Michael Landon, mas mais dedicado a causas que envolvam grandes negócios e muito dinheiro, porque pá, sou anjo mas não sou parvo.
"Mas ouve lá caralhe", dizem vocês, recorrendo a uma familiaridade no trato de quem julga que está a falar com os putos lá da rua, "isso não será porque deixas as portas da varanda abertas e as penas dos pombos entram com a corrente de ar?"- "Não", respondo eu, "isso é estúpido."

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Thank Your Lucky Stars

Sabem o que é que eu nunca tive de fazer em toda a minha vidinha adulta? Calcular o seno, co-seno ou tangente do que quer que fosse. precisar do valor de PI (π),  E raízes quadradas? Nem uma. Aliás, quem é que alguma vez na vida precisou de calcular uma raíz quadrada? Ninguém. Ninguém, em toda a história da humanidade, do primeiro australopiteco de há milhões de anos atrás até ao último deles - que é o meu vizinho de cima que se põe a arrastar mobília e a fechar estores às quatro da manhã - alguma vez precisou calcular uma raíz quadrada. E a data da conquista de Ceuta? Quem é que, para além do Professor José Hermano Saraiva, precisa de saber a data da conquista de Ceuta?
Então, com tanta coisa que se ensina nas escolas sem qualquer aplicação prática na vida real, porque é que ainda se discute a validade da Educação Sexual? Não será algo com aplicação prática para todos, salvo raras excepções, mais tarde ou mais cedo?
Lembro-me de uma vez ver numa reportagem uma adolescente, que dizia não ter medo de DSTs porque tomava a pílula. Ainda que eu partilhe do conceito de que os filhos são um tipo de doença sexualmente transmissível, dando origem a um virus ou  parasita da qual alguém pode levar décadas a livrar-se - como, aliás, os meus pais podem atestar - quer parecer-me que à jovem em questão, a estavam a iludir uma ou duas coisas, coisas essas cujas consequências podem ir de uma simples borbulhagem a um incoveniente falecimento.
E quando me refiro a Educação Sexual, não estou apenas e só a falar de palavreado politicamente correcto que redunde em "os meninos têm pilinha e as meninas têm pipi". Urge preparar os jovens para que quando chegar a hora "H", não fiquem confusos ou assustados, porque, sejamos honestos, aquilo ao início é como tentar montar (trocadilho não intencional) uma estante da IKEA: não se percebe muito bem o que é que encaixa onde nem como, não compreendemos as instruções, as pessoas magoam-se, há sangue, sai tudo mal e no fim são precisos pensos e, eventualmente, uma ida às urgências.
Que inconveniente há, então, em esclarecer os jovens que sim, a gravidez pode acontecer logo à primeira e transmitir-lhes algumas regras básicas de conduta e higiene interpessoal? Nenhum, parece-me. E que inconveniente há em esclarecer as jovens de idade legal que o meu amigo Wilson está disponível para sessões de esclarecimento ? Também estou certo que nenhum. ( café não incluído )
- Não tens que agradecer! Bros before hoes man!

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Racket Busters

Passar um serão em casa pode ser algo agradável, com a família reunida para jantar e depois jogar Scrabble, Monopólio ou Petroleiros. Talvez até Mikado, se ninguém sofrer de Parkinson. Ou então aninhado à pessoa amada em frente à lareira, sussurando doces palavras, o calor do fogo lambendo-nos a face e saboreando um bom vinho. Não que eu saiba o que isso é, porque não tenho lareira.  Nem bom vinho. Tenho é sumo de frutos tropicais, não porque goste particularmente dessa variedade mas porque da última vez que fui ao supermercado me distraí e peguei na embalagem errada em vez da de laranja porque são muito parecidas e eu estava mais preocupado em escolher uma marca de água com gás para fazer mojitos em casa, coisa que também não fui capaz de fazer porque estava a olhar de soslaio para as garrafas de rum e acabei por trazer água tónica. A propósito, já beberam mojitos com água tónica? Não? Então experimentem. Ou então agrafem coisas ao céu da boca que tenho a certeza que vai dar ao mesmo. Mas estou a divagar. O triste ponto onde queria chegar é que, para mim, um serão em casa é ficar a fazer zapping deitado no sofá até adormecer ( baba incluíndo ). Mas esta ainda não é a parte mais deprimente. Não, essa parte é aquela em que eu, inadvertidamente, passo pela MTV - em tempos o M de MTV era de Music mas hoje em dia acho que tem um significado mais escatológico - e dou com um programa chamado A Double Shot At Love, em que duas raparigas, gémeas bissexuais e com muito amor para dar, procuram a sua alma gémea entre um grupo de candidatos de ambos os géneros decerto portadores de um rico sortido de herpes e hepatites de A a Z, porque, sejamos francos, não há melhor maneira de encontrar aquela pessoa especial, a tal que nos completa, do que num programa de televisão que promove as doenças mentais e a promiscuidade. Seja como for, apanhei esta novela da vida real precisamente quando um jovem com ar de quem teve de repetir a primeira classe mais que uma vez apresenta à sua família as senhoritas por quem se está a apaixonar loucamente - porque o amor é como as cerejas, vem aos pares. A páginas tantas a mãe ou o pai, ou qualquer outro familiar que tenha contribuido para aquilo que é com certeza resultado de consanguinidade selvagem, a prova viva que os primos direitos não devem foder, faz questão de referir que ele está muito mais calmo, maduro e pronto para assentar. E é aqui que a Júlia Pinheiro que há em mim se passa e desata aos gritos. Portanto... a avantesma que ali está chega a casa com duas gaijas com ar e roupa de strippers, com tantos piercings na cara que tenho a certeza que conseguem apanhar a BBC nos dias de céu limpo, abanando-se como strippers e, regra geral, comportando-se como strippers e isso é sinal de que está pronto para assentar arraial e formar família?  A sério MTV, se estiverem a ler isto - e eu sei que estão - façam um favor à humanidade em geral e dediquem-se a formar um culto daqueles que cometem suicídio em massa. Mas, se não se importam, passem já à parte do suicídio. É que só de saber que há ondas hertzianas a flutuar por aí com o vosso lixo dá-me náuseas. Vão lá que eu espero.
Tenho a certeza que MTV quer dizer Mentes Todas Vodidas

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Reflections in a golden eye

-Pá , de maneiras que, no vôo de regresso de Nova York, no domingo, dei de caras com o Sean Connery na fila para o WC. Ainda tentei disfarçar, mas percebi que ele me tinha reconhecido e que me vinha dar um abraço e pedir um autografo pra neta. Felizmente o urso polar interrompeu-o, que eu não estava com paciência para falar com ele.
-O urso polar?
-Sim, um urso polar que estava a ser transportado para o zoológico soltou-se e invadiu a cabine e começou a estraçalhar hospedeiras e passageiros. Era só sangue, malas e membros desfeitos a voar em todas as direcções. Como ninguém fazia nada que não fosse gritar, queixar-se e sangrar, cheguei-me eu à frente e mandei-lhe um sopapo no focinho. Ao princípio ficou atarantado mas depois começou a grunhir, por isso desatamos ao soco e à patada até que o apanhei numa espectacular chave de braço e o sufoquei até ele perder os sentidos. Nisto o terrorista levanta-se e grita qualquer coisa sobre a Torre Eiffel ou Napoleão ou lá o que era.
-Terrorista?
-Iá terrorista. Queria desviar o avião para Toulouse ou Toulon, não me lembro, porque a tia o tinha excluído das partilhas e dizia que a vinha e o Château era dele e não dos primos. Aproximei-me dele devagarinho e pedi-lhe que não se enervasse e que tinha um croissant no bolso e que lho dava se me deixasse ser amigo dele. Ele acreditou-se e assim que me aproximei o suficiente, dei-lhe um roundhouse kick na testa e as pessoas começaram todas a aplaudir e erguer-me em ombros e as mulheres todas a dizer que eu devia ser incrívelmente competente e que era um orgasmo com pernas e que queriam ter herdeiros meus. Palavras delas. Foi quando o avião começou a cair porque o piloto e o co-piloto tiveram um ataque cardíaco.
-O pil... e o co-piloto? os dois?
-Sim Tiverem os dois ataques cardíacos, mais um assistente de bordo e uma velhota. Diz que é contagioso em ambientes muito apertados. Também não sabia, mas foi um médico meu amigo que me explicou. O coração humano é tipo as ditaduras nos países islâmicos, quando cai um, os outros também querem cair. E quando perguntaram se alguém sabia pilotar um avião toda a gente olhou para mim. Até o Sarcozy me telefonou a pedir que o fizesse e a dizer que «ah, je te donne une voltinhe dans Carla Bruni aprés, et ça» e eu acedi apesar de estar um bocadinho cansado por ter passado a noite anterior com a selecção feminina sueca de Volei. Tinha fotografias para vos mostrar de umas posições novas que inventei e tudo, mas a máquina partiu-se. Acho que foi quando matei o urso polar.
-Tão ma o urso polar não tinha ficado inconsciente?
-Não... esse foi o urso polar, este era outro, quando ainda estava no aeroporto. Entrou lá de repente e como já tinha um bebé na boca tive que o matar com um golpe de karatésta. Ao urso, porque o bebé fui eu que o ajudei a nascer enquanto fazia o check in, porque rebentaram as águas à senhora atrás de mim e como estavam todos a entrar em pânico fiz eu de parteiro apesar de ter sapatos de camurça que ficaram totalmente arruinados. A senhora até disse que a partir de agora todos os bebés da família dela vão ter o meu nome, mesmo que sejam raparigas. Não vos tinha contado esta parte? Mas pronto, lá fui eu para os comandos do avião. Como tive o X-Wing para Spectrum e tenho uma coordenação motora de nível olímpico e nervos de aço, aquilo até foi fácil. Como o trem de aterragem não funcionava aterrei de barriga no jardim da Gulbenkian, liguei os quatro piscas e vim-me embora. As pessoas todas queriam que eu ficasse para me darem medalhas e lingotes de ouro e isso, mas eu queria ir para casa para ver o jogo do Porto. E o vosso fim de semana como foi?

PS : Acho que os meus colegas começam a desconfiar bastante, que eu invento as histórias que conto sobre a forma como passo os meus fins de semana, mas narrativas sobre o tempo que passo deitado no sofá a ler Dostoiévski, e a recolher o cotão do umbigo não me parecem muito interessantes...

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Guys And Dolls

-Tinha acabado de estacionar o meu carro quando vejo, ao fundo do parque de estacionamento, o gang das lambrettas a incomodar uma indefesa colegial.
-Gang das lambrettas?
-Sim, é uma espécie de Hell's Angels mas em pior. Gordos, barbudos e a cheirar a chulé, o tipo de indivíduos que assedia velhinhas e pontapeia cachorrinhos. Vocês estão a ver o género. Claro que fui lá socorrer a moça. Eles começaram logo «ah, vai-te mas é embora ó tipo desconhecido extremamente bem parecido, que apesar de se notar que és claramente um espécimen a todos os níveis superior, não és páreo para o gang das lambrettas.»"
-E tu?
-Eu ri-me. Ri-me e disse-lhes «deixem em paz essa jovem colegial de saia às pregas senão eu aborreço-me a sério. E vocês não me querem ver aborrecido a sério, gang das lambrettas.»
-E eles?
-Eles até estremeceram nas botas, mas o chefe deles, que se chamava Zé Miguel...
-Zé Miguel? O chefe do gang das lambrettas chamava-se Zé Miguel?
-Sim, Zé Miguel ou Zé Manel, não me recordo agora. Mas pronto, o chefe deles rosnou que eu devia ir-me embora porque senão o ninja das lambrettas deles batia-me.
-Havia um ninja das lambrettas?! No gang das lambrettas?
-Sim, um tipo magrinho, tão magrinho que nem o tinha visto entre os outros gordos, todo de preto, vestido à... à ninja, vá, mas com um capacete shoei debaixo do braço. Foi aí que eu comecei a ficar arreliado. «Pá caralhe», disse-lhe eu, «tu não te desgraces, sócio, que eu lixo-te a vidinha toda, já chinei drédes por cromos do Itália 90.» E sabem o que é que o tipo fez?
-O quê?
- Qu'isto e qu'aquilo e mandou-me com uma daquelas estrelas às pontas afiadas.
-Uma estrela ninja?
-Isso mesmo.
-E acertou-te?
-No ombro. «Ia bacano, o que tu foste fazer pá caralhe », disse eu assim já pró baixinho, que eu quando estou irritado falo mesmo muito baixinho. Saquei a estrela do ombro como se não fosse nada, atirei-a e acertei mesmo em cheio na testa do Zé Miguel. Pimba, três mortos logo de uma vez.
-Três?
-Sim três, atirei a estrela com tanta força que trespassou a testa do Zé Miguel, do que estava atrás dele e ainda se foi cravar no crânio de outro. Depois veio de lá o Cláudio...
-O Cláudio?
-Sim, o ninja das lambrettas com espadas e pistolas.
-Espadas e pistolas?
-Sim, espadas e pistolas.
-Mas quantas?
 -Bués, que o tipo era mesmo ninja, tipo daqueles de Shaolin mas cruzado com o Charlton Heston.
-E tu?
-Eu desviei-me das balas todas menos de uma, que parei com os dentes, e quando tive uma aberta aviei-lhe um soco na garganta e uma cabeçada no queixo. Ficou-se logo ali.
-E o resto do gang?
-Oh,puff, uns desmaiaram com o medo, outros fugiram.
-E a colegial?
-Está bem, quando saí de casa ainda estava a dormir.

E, mais coisa menos coisa, é isto que conto aos meus colegas quando me perguntam a origem do galo e do hematoma que hoje ostento na testa.

PS :  nunca andem às escuras numa casa que não conhecem bem, e seja com ou sem luz, não abram caminho com a testa tipo herois....

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

We Gotta Get Out of This Place

Sofro do tão falado stress pós-traumático - não consultei nenhum especialista na matéria mas acho que já vi episódios suficientes do Dr. House para conseguir fazer diagnósticos competentes. (A propósito, já alguém reparou que para acompanhar o risco do eyeliner da Olivia Wilde é preciso, literalmente, deslocar a cabeça de um lado para o outro como se estivéssemos na primeira fila do cinema a tentar ler as legendas? Não estou a dizer que ela exagera na pintura, mas aposto que gasta um lápis por olho de cada vez.) Mas onde é que eu ia?... Ah, stress pós-traumático.
Não combati no ultramar nem estive envolvido em nenhum acidente particularmente horrível, mas ontem, e amaldiçoo a hora em que me lembrei de tal coisa, deu-me para investigar o que era isso do chatroulette. Se não sabem do que se trata, o Sam explica-vos: é um site a que as pessoas se podem ligar e onde são aleatoriamente emparelhadas com outro utilizador com o qual podem conversar, mas com uma particularidade: todos têm webcam, permitindo-vos acenar, fazer caretas ou mostrar o interior da vossa casa a perfeitos estranhos enquanto eles vos falam do tempo que faz em Vladivostok, Moscovo, Pittsburgh ou Santiago do Chile. Se a conversa não vos interessar podem clicar num botão que, qual roleta, vos selecciona outro parceiro ao calhas, recomeçando toda a experiência.
"Bom, isso parece-me, na pior das hipóteses, aborrecido, mas nada de traumatizante", dizem vocês. Pois, mas lembram-se quando eu disse que toda a gente tem webcam? E onde há câmeras há o quê?... Exacto, pilas! Muitas pilas. Pilas atrás de pilas. Como eu descobri da pior maneira, há todo um mundo de indivíduos ansiosos por partilhar connosco as suas masturbações furiosas, quer nós queiramos quer não. Na verdade, ao entrarem no chatroulette a probabilidade de vos aparecer uma pila no ecrã é maior que... que... que a pila do John Holmes. (E, como efeito secundário, ficam incapazes de fazer analogias não relacionadas com pilas.)
Mas nem só de homens nus se faz o chatroulette. Também apanhei pelo caminho um par de seios fartos e aquilo que me pareceu ser uma ginasta poláca tentando fazer a esparregata mas sem roupa. Ironicamente ambas as ligações não duraram mais de uns meros segundos precisamente por eu não ter a pila de fora.
No entanto o rácio de masturbadores furiosos em relação a mulheres exibicionistas é avassaladoramente desequilibrado, o que quer dizer que ao optar por esta forma de passar o serão - ou o dia de trabalho - a probabilidade de um tipo com a pila na mão ficar subitamente a olhar para outro tipo com a pila na mão é elevadíssima. E depois? Como é que se sai desta situação? É sequer possível a um homem, em tempo algum, voltar a ter uma erecção depois de perceber que durante meio segundo se masturbou a olhar, ainda que inadvertidamente, para outro homem nu? Não sei, mas também não faço tenções de descobrir.
Ficam avisados, agora façam como entenderem. Mas eu cá não volto lá enquanto a minha firewall não filtrar pilas. Também vou organizar almoços convívios de veteranos traumatizados da internet, onde, com a voz embargada de emoção, brindaremos em memória às erecções perdidas :
-ÀS QUE LÁ FICARAM !!

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Uma Aventura no Ministério

Porque raio é que escolheram para ministra da educação uma gaija que escreveu livros nos quais, em mais de vinte anos, os protagonistas ainda não conseguiram passar o caralhe do ensino secundário? Ou pretendem consolidar as pastas da educação e da administração interna e pôr os estudantes a combater o crime organizado com recurso a apenas dois cães? Tou mesmo a ver : "Trabalho de grupo do segundo período do 9º 5ª: apanhar o estripador da Ribeira.". Pensando bem é capaz de ser uma grande ideia. Diminui-se a criminalidade e a sobrelotação das salas de aula, e criam-se postos de trabalho, essencialmente no Insituto de Medicina Legal e na área da remoção de sangue do asfalto.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Oh happy day

Ainda não descobri se a vizinha do andar de cima calça sapatos de salto alto mal sai da cama ou se tem um pónei em casa que todas as manhãs galopa da cozinha para o quarto e vice versa. Esta madrugada acho que ouvi relinchar, mas isso não quer dizer nada, porque se há as que, nos momentos de intimidade, imitam bezerros, as devotas religiosas que invocam o nome do Senhor e as que aproveitam para ler livros do Dan Brown, então também pode haver quem relinche...

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

The Wailing Wailers

Já ando nesta coisa da net há muitos anos. Há mais tempo que muitos que praí andam. Não quero parecer convencido, mas já vi de tudo o que há para ver. Passei boa parte do ano de 1998 a queimar literalmente as retinas a ver minúsculas fotos da Jenna Jameson e da Chasey Lain, assim como o famoso filme do Tomás Taveira e as férias da Pamela Anderson, num monitor de quinze polegadas cujas radiações dariam para descongelar um frango em dez minutos. Já vi um homem com o pénis na boca de um peixe - não perguntem - e já vi mulheres introduzindo dentro de si uma vasta gama de electrodomésticos, mobiliário e objectos avulsos, desde pinos de bólingue a cones de sinalização rodoviária e maçanetas de portas.
Tenho gaijos que me enchem a inbox quase diariamente com e-mails cheios de fotografias de jovens de cabelo oxigenado escachadas à beira de uma piscina ou em cima de um carro impecavelmente encerado, ou com vídeos de trinta segundos de casais - às vezes trios, outras vezes equipas de futebol e corporações de bombeiros - expressando carnalmente o seu amor, que apago sem sequer abrir.
Já me foram apresentadas vantajosas propostas financeiras por príncipes nigerianos e banqueiros sul-africanos, generais da Somália. Já me foi sugerido, não obstante o exagero em que isso redundaria, o aumento de tamanho do meu orgão sexual. E levando em conta a quantidade de correntes que quebrei ao não as enviar para sete, dez ou mais amigos, o simples facto de ainda estar vivo não é nada menos que um milagre. Escapei às seringas infectadas com SIDA que deixavam nos bancos dos cinemas. Escapei aos gaijos que ofereciam amostras de perfume nos parques de estacionamento dos shoppings para me assaltarem. Escapei ao "Bug do ano 2000" em que tudo ia deixar de funcionar e o mundo ia cair nas trevas, no caos e na destruição. À pala disso ainda tenho na cave lá de casa 400 latas de ananás, 10.000 lt de água engarrafada, 500 kg de arroz extra longo. 
Tenho guardado em casa 2 toneladas de talões de multibanco, para que não me roubem os dados e me desfalquem a conta bancária. Já passei por tudo.
Aquele vídeo do senhor que se suicida numa esquadra? Vi-o com um bocejo. Two Girls And One Cup? Vi-o a comer bolo de chocolate e depois ainda repeti. Snuff, pornografia alemã e japonesa, russa e da mongólia, sado-maso, piercings genitais, vídeos dos martires de Al-Aqsa a degolarem soldados e prospectores de petróleo americanos, e vídeos dos Delfins, todos os horrores do mundo já me passaram pela vista. Pensei que já nada na rede global me podia surpreender.

Isto é, até ontem, porque aparentemente, algures na internet há um buraco no contínuo espaço-tempo que fez com que eu recebesse um e-mail de há dez anos atrás - aquele que diz que a Microsoft e a AOL estão a dar dinheiro por cada reenvio que façamos! Bom, ou isso ou ainda há alguém que acredita nisso e, convenhamos, a primeira hipótese parece-me bem mais verosímel. Ainda por cima, vi lá endereços de e-mails de gente que pertence aos quadros de grandes bancos, seguradoras e instituições do governo, aparentemente deviam ter mais juizinho. Ou se calhar não, e tudo isto explica muita coisa.

Bom fim de semana!!

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Momento nostálgico-imbecil da semana." O soro da Rua"

Eu sou de um tempo mais simples, mais puro.
Eu sou do tempo em que a coisa mais parecida que tínhamos com uma Oreo era quando espremíamos um naco de manteiga ou tulicréme entre duas bolachas Maria. Telefonar para um amigo implicava dar ao disco do telefone - que fazia crrrt-cat-cat-cat-cat - e o equivalente a um sms era deixar recado com a mãe dele. Só se telefonava a alguém quando tinha mesmo de ser - e rápido - não havia conversa fiada.
Eu sou do tempo em que dar um murro em algo era um método perfeitamente legítimo de reparação. A velha Blaupunkt a preto e branco não funciona? Dá-se-lhe uma marretada de lado e fica como nova. O transístor só apanha ruído branco? Dá-se com ele na mesa meia dúzia de vezes e é como se os Parodiantes de Lisboa estivessem ao nosso lado.Num acesso de fúria dá-se um tabefe ao portátil e fica-se sem o magenta, e qualquer aberração alguma vez pensada torna-se realidade, como a cerveja sem álcool e os hambúrgueres de soja. Pais preocupados protegem as esquinas da mesa para que as suas crianças não abram lá um sobrolho e trancam as portas dos armários para que não bebam o detergente da louça, garantindo assim que toda uma geração de mariquinhas cresça para nos governar no futuro, sim, porque nós somos a geração x "rasca" não vamos governar nunca.
Vinhamos da escola "à la pata" e à pedrada uns aos outros. Fizesse chuva ou Sol. Hoje não, basta ir a uma escola qualquer e observar o pandemónio que é de carros! Vemos madames com grandes óculos de sol, montadas nos seus enormes veículos com tracção nas 4 rodas para andar na cidade, irem buscar os putos à porta da escola. No verão bazávamos de casa de bicicleta depois do almoço e só voltavamos ao anoitecer, ninguém ligava. Ninguém se preocupava.
 Tinhamos 10 anos e nem ligavamos. Sim, porque hoje, os putos são muito mais velhos. O mercurocromo nos joelhos todos esfolados eram as nossas medalhas. Eramos do Club Mickey, mas no tempo em que a Disney não se afiambrava ao porta moedas de milhões de pobres. Os sonhos e a fantasia eram " à la borliú". O Jornal de Notícias organizava os concursos de castelos de areia no verão, que ganhavamos e era uma alegria. Agora o JN é amigo do vaticano, da frente nacional e de lúcifer.
Quem não sabia não passava. Ninguém estava cá ralado se a nossa autoestima ficava magoada. Não havia nem doutores de Bolonha nem mestrados a saldos de inverno, o ensino não era mercenário. Se queriamos uma nova oportunidade, fechávamos o portão da fazenda do sinhôzinho Mauta e íamos estudar à noite. O único Bolonhês que conhecíamos era o Afonso III. Os mercenários eram os piratas que tanto ganhavam como perdiam. Hoje, vivemos num mundo em que tudo tem um preço e nada tem valor.

O mercurocromo nos joelhos todos esfolados eram as nossas medalhas...era o soro da rua!
Às vezes tenho saudades desse tempo. E do magenta do portátil que desapareceu.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Over my cold, dead body

Ontem esteve no escritório um senhor que veio fazer a apresentação do serviço de música ambiente fornecido pela sua empresa. E tive de atendê-lo. Porquê eu? Porque aquilo funciona com uma box na qual são armazenadas milhares de músicas em formato mp3, e o pessoal aqui, quando ouve duas consoantes acopladas a um número chamam o tipo que carrega em botões. "Mas isso é um iPod", dizem vocês. É, mais ou menos, mas a única diferença entre o artigo e o vosso iPod é que as músicas não são pirateadas.
Mas adiante.
O que me chocou foi o facto de entre a sua carteira de clientes, que o dito senhor exibe orgulhosamente, se encontrar as lojas Bershka, o que quer dizer que aquela música que eles passam e que se faz ouvir num raio de cem metros é pensada, planeada e colocada a tocar de propósito! E eu que pensava que essas lojas, assim como os Centros Comerciais e os hiper mercados, tinham um DJ nas traseiras, que passava música pra malta.
RECUSEI ENFATICAMENTE !
-Fazer negócio com indonésios? Por mim tuuuudo bem.
-Comprar roupa feita na Malásia por criancinhas? Com certeza, que eu aprecio o odor a trabalho infantil.
-Contribuir conscientemente para o efeito de estufa? Claro que a Islândia ficava gira era debaixo de água, e já agora com a Björk também. O aquecimento global é a solução.
Mas música da Bershka?
Desculpem lá...Mas esse é o meu limite.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Somebody Up There Likes Me

Hoje fiz-me um homem.

Não amigos, não me escanhoei pela primeira vez - embora muitas vezes pareça ser esse o caso, ao julgar pela quantidade de cortes que ainda consigo infligir a mim próprio, cortesia dos olhos semicerrados pelo sono quando me barbeio - nem tampouco fui iniciado nos prazeres da carne por uma matrona de face rosada e hálito a bagaço e SG Gigante. 
Não, também não deitei abaixo uma garrafa de tinto Dão a martelo nem andei à porrada com o Zé do talho, que faz musculação com presuntos de Chaves, tem mãos do tamanho de pás e, reza a lenda, consegue rasgar a lista telefónica do Luxemburgo d'uma só vez.
Hoje fiz-me um homem porque saquei o meu primeiro pião. Meio pião, vá lá. Quase sem dar por isso, fazendo a mesma curva que faço todos os dias, vi-me atravessado na estrada, mas instintivamente tomei as rédeas da besta e coloquei-a de novo no seu devido caminho, sempre sem desmanchar as minhas calmas feições esculpidas a testosterona e o meu sorriso n.º 6, que é o meu sorriso mais cool, ao mesmo tempo que gritava AAAQUELA-MÁ-QUI-NAAAA!! De imediato senti cabelos a crescer-me no peito, a voz a engrosssar e uma súbita pressão no baixo ventre.
Sim, hoje tornei-me num Steve McQueen assim a modos que pró rural. Podem chamar-me daqui pra frente de Bullitt. Sam Bullitt.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

I'll see you on the dark side of the moon

Sempre que vejo um desses programas de cantores amadores, sejam eles idiótolos, mirins, séniores ou pensionistas, penso na morte e no seu frio e doce abraço - tão frio quanto o duche que tive de tomar o outro dia dia manhã por não ter gás - e no sorriso de alívio que o meu cadáver teria estampado por me ter sido ceifada a vida em tão oportuno momento. Isto até começar a actuação do José Malhoa, que os meus pais se encarregariam de contratar para cantar no meu velório, um último "fuck you bastard" como resposta ao meu desabafo "assim que puder ponho-vos num lar" que murmurei naquela noite de natal em que em vez de desembrulhar o barco pirata da Playmobil me saiu uma camisola de gola alta que me fazia comichão no pescoço.
E, para evitar isso mesmo, pensei que deveria desde já deixar aqui expressos os meus três desejos para esse momento da minha não-vida:
1. Serão contratadas carpideiras que deverão chorar copiosamente ajoelhadas junto ao meu caixão, gritando coisas bastante específicas, como:
- Ele era muito bom a jogar International Soccer no seu ( igualmente falecido ) Timex 2048;
- As suas observações sobre o existencialismo de Kirkegaard eram simultâneamente espirituosas e iluminadas;
- Ele era um amante tão espectacular;
- Ele fazia um bacalhau à Zé do Pipo extremamente agradável.
2. Deverão encher os bolsos do meu fato com fogos de artifício. Assim quando me atirarem para o crematório as pessoas cá fora poderão apreciar todo um espectáculo de luz e cor.
3. As minhas cinzas deverão ser espalhadas sobre uma mesa de vidro e, com um cartão de crédito, divididas em linhas que todos deverão aspirar. Vão por mim, eu dou uma moca do caraças.
Lá vos espero...

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

The Perfect Storm

Como anda o nosso Sistema Nacional de Saúde!! Ontem fui ao médico, não pude deixar de reparar que o gaijo tinha uma daquelas famosas pulseiras do equilíbrio. E se, por um lado, pouco me importa quão crédulas ( leia-se, estúpidas ) as outras pessoas são, por outro há dois tipos de pessoas que eu não quero ver a usar isso: profissionais do ramo da saúde e pilotos de avião - e isto porque prefiro pôr a minha vida nas mãos de pessoas que não acreditem que uma pulseirinha de borracha com um kalkito estampado lhes alinham os chakras, em magia em geral ou na força do pensamento positivo. Quem acredita nessas merdas, também acredita que nossa senhora apareceu em cima de um chaparro, ou que é o pai natal que trás as prendinhas. Que tipo de medicina é que podemos esperar dali caralhe?? "Ora para esse cancrozito maroto que você aí tem vou-lhe receitar uns cristais para pendurar por cima da cama, e vai meditar três vezes ao dia, antes das refeições, está bem? Daqui a seis meses, se ainda estiver vivo, passe por cá outra vez." Dásss, nunca mais lá volto.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Baby you can drive my car

No outro dia andei com um carro lá do trabalho. Um carro quase novo, silencioso, suave, cheio de luzinhas e apitos e funções pra'isto e pr'aquilo. Não gostei. Não gostei porque estou habituado ao meu carro, um carro à GAIJO, daqueles que é preciso carregar com força (de gaijo!) nos pedais para andar e para travar. Um carro que é a versão mecânica daquilo que um gaijo deve ser:  bruto, cheirar mal e beber demais. Com o meu carro não há cá dessas mariquices de "ah, é tão suave que nem dás pela velocidade se não olhares para o conta-quilómetros." Não, no meu carro quando vamos a 100 Km/h parece que vamos a 250 Km/h, o motor ronca ruidosamente, as moedas do troco da portagem tilintam freneticamente e tem-se a sensação de que a qualquer momento a coluna de direcção se vai partir e que vamos todos morrer numa espectacular bola de fogo. Quando vamos a 120 Km/h estremece por todos os lados, os ocupantes têm de ir amarrados aos assentos para não serem projectadas contra os vidros e temos a distinta impressão que vamos, a qualquer instante, viajar no tempo ou atravessar um portal para outra dimensão, qual StarTrek . É como viajar no space shuttle mas sem capacete.Porque o meu carro é d'gaijo!
Com uma flor estampada atrás.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Karma Chameleon

O meu exterior de gaijo frio e implacável, antipático e pouco sociável esconde, na realidade, uma pessoa sensível, romantica, boa e, sobretudo, nostálgica.
Por isso, quando aqui há dias encontrei a minha velha e já esquecida colecção de revistas de BD, naturalmente, não resisti a ler umas quantas. Mas, a meio da minha inocente e ingénua leitura, deparo-me com um quadro que me fez, momentâneamente, questionar se estaria sob o efeito de alucinogéneos ou a ler uma daquelas revistas que se vendem embrulhadas em celofane, em vez de uma banda desenhada infanto-juvenil. A devassidão, o deboche, a luxúria e o homo-erotismo expunham-se perante os meus incrédulos olhos que a terra há de comer e vomitar.
Analisando a imagem podemos observar que :
1. Como é óbvio e é inegável, Donald e Pateta vivem um tórrido caso amoroso (ou, pelo menos, carnal);
2. Pelo ar algo efeminado do Pateta podemos deduzir que é ele o sujeito passivo;
3. O Pluto aparenta ser um homofóbico empedernido pois parece não suportar a ideia de partilhar o quarto com este casal homossexual.

Ora se por um lado eu sou uma pessoa liberal e nada tenho contra estilos de vida alternativos, por outro tenho de reconhecer que a revista onde encontrei esta imagem é destinada a um público jovem e impressionável que não precisa, de todo e de forma alguma, ser confrontado com espectáculos de pré/pós sodomia sejam eles de que orientação sexual forem. E nem sequer vou aprofundar o facto de um enlace entre um pato e um cão se tratar de uma bizarra relação de bestialidade inter-racial...fico chateado, pois com certeza que fico.

Mar de rock

O outro dia, fui a um concerto do Rui Veloso, com o meu amigo Chico Fininho, e estive mesmo vai e não vai para apontar o dedo e dizer-lhe: "Foi este gaijo que disse que tu andavas com merda na algibeira".