sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

Blackboard Jungle

O Facebook é como aquelas namoradas chatas do tempo do liceu. Queremos acabar com elas mas não nos largam com chantagens emocionais do tipo "se acabares comigo nunca mais vais ser feliz e nenhum dos nossos amigos vai querer falar contigo" e perguntas sem fim de "porquê?"; "o que é que eu fiz?"; "diz-me porquê eu juro que não faço mais" e quando finalmente é confrontada com a realidade de que não queres mesmo mais nada com ela, nem na viagem de finalistas da Páscoa, a cair de bêbado numa discoteca no centro de Benidorm. É aí que ela te atira o grande e verdadeiro clássico das relações acabadas da adolescência: "Podemos continuar a ser amigos? Eu nunca vou deixar de ser tua amiga e se precisares de alguma coisa eu estarei aqui".
É uma forma "clean" de deixar a "janela aberta", de poder continuar a pressionar no futuro. Se deixarmos de ser amigos cortam-se de vez os encontros, as conversas etc.
E o que é que vamos dizer? Ser um parvalhão insensível e dizer que não? Só nos resta responder com um lacónico "sim..."

Quando começamos o processo de "desfacebookar" a primeira coisa que o FB faz é perguntar-te se tens a certeza que é mesmo acabar com ele que queres, perguntando-te:
Motivo da saída
(obrigatório)
  • Isto é temporário. Vou voltar.
  • Tenho outra conta do Facebook.
  • A minha conta foi pirateada.
  • Não considero o Facebook útil.
  • Tenho uma preocupação relacionada com a privacidade.
  • Passo demasiado tempo a utilizar o Facebook.
  • Não compreendo como se utiliza o Facebook.
  • Eu não me sinto em segurança no Facebook.
  • Recebo demasiados e-mails, convites e pedidos do Facebook.
  • Outro, explica detalhadamente:
  • +
O "outro, explica detalhadamente" lembra-vos alguma coisa? Horas passadas atrás do "Pavilhão B" em explicações idiotas, desculpas esfarrapadas e a discutir no meio de choros e acusações?

Depois vem a chantagem emocional:
"Se desactivares o Facebook não vais poder interagir com estas pessoas" E o FB mostra-te um painel de fotos de pessoas "teus amigos do FB".

É aí que eu fiquei convencido que o algoritmo do FB foi criado por uma adolescente. É que o painel de "amigos" estava repleto de pessoas que eu ou não gostava, ou não me interessavam, não me visitavam nem eu a elas. Nem sequer mostrou pessoas que até me visitavam e comentavam. Não, um monte de "partilhadores compulsivos" de citações falsas de autores; mensagens tiradas de páginas de auto-ajuda assim a modos que para o Oriental meio Buda meio Clarice Lispector ou artigos de notícias falsas, abrindo para uma caixa de comentários furiosos - qual esgoto a céu aberto- repleto de declarações racistas, xenófobas, de gente desinformada e analfabeta. Já para não falar nos "grupos".

E no fim..."continuamos a ser amigos" porque basta entrar um dia com o email e a password e pimba já estás outra vez num relacionamento que te segue, que te enche o saco de perguntas idiotas, das quais esta, a pior de todas "EM QUE ESTÁS A PENSAR?"

-EM NADA FODA-SE, DEIXA-ME EM PAZ. OLHA VOU À CAFETARIA BEBER UM CAPRI SUN DE ANANÁS E COMER UMA MISTA PRENSADA.





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