quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

A Oração Funebre


Este poema, é inspirado no assalto à dependencia do BES, que em Agosto passado fez as delícias dos jornalistas e do histerismo nacional, em relação ao crime e aos emigrantes, quando dois assaltantes tentaram roub...perdão, tentaram recuperar algum dinheiro aos ladrões do Espírito Santo.

A Oração Funebre

São duas da matina,
O assalto deu pró torto,
Tenho uma bala na barriga,
Outra no pulmão,
O país inteiro vê-me morrer.
A rua encheu-se de curiosos,
Tenho a estupidez humana
Como oração funebre.
Uma desgraça nunca vem só.
O padeiro da esquina,
Largou o seu forno,
Para me vir cuspir em cima :
- Eu não sou racista, mas com estes brazucas, é atirar primeiro e discutir depois!
- E eu senhor - diz um veterano do ultramar com propriedade - Eu estive em Angola, e estes gajos são piores que os turras pá ! é matá-los a todos!!
- É bem feito ladrão! Gandúlos!- grita o povo irado.
Chegaram uns jovens blusões de couro, de cabelo comprido, que dizem que a minha morte não é legítima e discutem com um velho.
- Se fosse um familiar seu refém? Gostava?- pergunta o velho.
- E se fosse o seu filho ali a morrer? Gostava? - responde um jovem blusão de couro.
- É muito bem feito ! - grita o povo. - Não temos pêna de ti, ó ladrão!
Agora chegaram os cabeças rapadas, riem-se de mim com escárnio, e afirmam que a minha morte é suave demais, que eu merecia pior.Espero que no inferno os encontre a todos eles.
São duas e trinta da matina,
Sinto muito frio,
O meu sangue corre como um rio,
tenho a estupidez humana,
Como oração funebre
A única coisa que me consola,
É aquela miúda, no meio da turba enfurecida,
Que chora ao ver um homem morrer à sua frente,
Seja bófia ou ladrão,
Ela não faz distinção,
Aquelas lágrimas, aquecem-me a alma.
Eu não quero desculpas.
Tive o que merecia.
Eu era apenas um ladrão,
Que sonhava com milhões,
Tenho milhões de estrelas,
No fundo do meu caixão
Agora,
Tenho milhões de estrelas
No fundo do meu caixão.

12 comentários:

I.D.Pena disse...

(bocejo)

Bom dia ;)


"São duas e trinta da matina,
Sinto muito frio,
O meu sangue corre como um rio,
tenho a estupidez humana,"

Ena pah isto para fazer um rap bastava por uns yos!

lololol

Sam disse...

LOLOL
e uns "my bitch"
lolol

beijo doce !

Vício disse...

amen!

Sam disse...

Palabra do Sam!

Sandra. disse...

:)

a miuda, a miuda q simplesmente xorava pq via na sua frente um ser humano partir...para onde n interessa, era o fim, o Adeus.

Sam disse...

que benitooooo!!!!
lol
Beijinhos muito doces pa Lua!

Sandra. disse...

:))

pálém duma beia de xuia tumem tenho outra beia dartista e outra ainda de poeta ;))

kissis carapauzitu

Sam disse...

Uma faneka artista! :)))))

Sandra. disse...

:))

qq dia tou frita ihhihiihi

Sam disse...

lolololol

inespimentel disse...

Oh Sam és tão rico... tens dentro de ti tantas facetas...
Sério, que me comoveu à lágrima a leitura que fizeste deste acontecimento!
Posso entender todos os pontos de vista, mas é o humano, o lado da mãe, da irmã, da criança que este adulto foi, o que mexe fundo dentro de mim... e como mãe sofro, e dói
... o único papel em que me vejo é no da rapariga que chora a morte de um jovem... ainda que ele tenha escolhido o lado errado da vida...
...coiso...

Sam disse...

Eu sabias que ias entender o texto...afinal, quem são os ladrões? E essa miúda é mesmo tu e tantas pessoas tb, que não têm pudor, e choram com a dor dos outros, sem julgamentos.
beijo doce amiga...coiso, e obrigado pelas palavras!