quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Your Hands In The Air ( Um conto de Amor )

Quando o ladrão sacou a arma e apontou à cabeça de Guilhermina, esta, desatou rir e a bater palmas efusivamente. 
Este comportamento estranho, manifestou-se pela primeira vez na adolescência, na sequência de uma noite febril, devido a uma infecção urinária que contraiu no wc do salão de festas onde comemorou os seus quinze anos. Daquele dia em diante, sempre que era acometida por fortes emoções, ela ria e aplaudia involuntariamente. Por mais que tentasse conter aquele impulso doentio, era sempre vencida por esse comportamento impulsivo, neurótico e constrangedor. Foi assim no enterro da avó, no enterro do avô, quando foi ao IPO visitar o tio, que definhava vítima de um cancro no fígado, na sua primeira noite de amor, na extração dos sisos, no estádio do V. Guimarães, quando o Miklos Fehér não resistiu à paragem cardíaca que o vitimou, até no reveillon de 2001, que passou presa num engarrafamento na Avenida dos Aliados. Vários médicos, psicólogos, psiquiatras e até paranormais tentaram cura-la, em vão.Tudo em vão. Sentia-se infeliz, até a noite do fatídico assalto, naquela esquina deserta da baixa Portuense, onde ela nunca tinha passado antes. 
Ambrósio só queria a bolsa e o iphone, mas quando a viu a rir e a bater palmas, palmas e mais palmas, ficou congelado. Era o dia do seu aniversário, ninguém se tinha lembrado, nem mesmo ele, até aquele momento. Tinha esquecido dele mesmo. Aquele gesto de desespero foi o mais próximo de uma congratulação que recebera. Contendo o choro, o rapaz ajoelhou-se e pediu perdão a Guilhermina. Conversaram a noite toda, caminharam durante horas. Quando chegaram à Foz beijaram-se. Guilhermina  livrou-se de um assalto e ganhou um grande amor. Um belo dia de Maio casaram-se. O problema era quando faziam Amor. Quando Guilhermina chegava à hora da Verdade, o pobre rapaz levava cada chapada naquelas trombas que até via galáxias e constelações. Acabou mesmo por ter de submeter-se a uma operação plástica à cara, de tal maneira que se apresentava deformada.

Moral da história :
O CRIME NÃO COMPENSA !

2 comentários:

carpe vitam! disse...

Ahah clapclap haahaha clapclap haah clapclapclap! (isto sou eu a rir e a bater palmas efusivamente)
eu não sei se isso é imaginação delirante ou resquícios de realidade irónica, mas o que quer que seja, é bom, já tinha saudades! :D

Sam disse...

Obrigado obrigado hahaha clap clap clap!
porque o verdadeiro artista clap clap clap hahaha é o artista que agradece!
;-)