sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

En route pour la joie

– Não me apetece continuar – lamentou-se ele.– Não? – gemeu ela.– Não – reafirmou ele.– Não? – desesperou ela. – Depois deste trabalho todo, agora não queres continuar?– Não é bem não querer – remediou ele –, não me apetece… não me apetece continuar…– Porquê? – interrompeu ela.– Porque não – disse ele. – Dói-me a cabeça. – Dói? – Ela tossiu. – Porquê?– Não sei – respondeu ele, fez uma pausa e suspirou profundamente: – Se calhar estou com uma quebra de tensão, estou com tonturas.
– Oh… – suspirou ela. – Queres que te desamarre?– Talvez não – sugeriu ele –, põe-me só direito, de cabeça para cima.– E queres um copo de água com açúcar? – perguntou ela, rodando lentamente a grande roda em que ele se encontrava amarrado, completamente nu. – A mim costuma fazer-me bem.– Ias buscar? – agradeceu ele.– Claro, pode ser que fiques bom – disse ela sorrindo por baixo da negra e brilhante máscara que apenas lhe deixava os olhos e a boca à vista mas ele não viu. Bateu-lhe levemente com a chibata no peito: – Ou, se calhar, pensavas que te safavas só por causa de uma dorzinha de cabeça? Ainda falta experimentar uma coisinha. - Dito isso, dirigiu-se para cozinha. Agarrou no frasco de vaselina, e despejou lá para dentro uma mão cheia de areia grossa, misturando bem com a ajuda de uma colher de pau. - Vais ver que vais melhorar querido !! - gritou ela da cozinha com um sorriso matreiro nos lábios.

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